Clauder Arcanjo

COMPANHEIRO ACÁCIO E NELSON RODRIGUES

Clauder Arcanjo Cheguei mais cedo e, quando abri a porta, escutei a voz do Companheiro Acácio: — Não pense que sou um idiota da objetividade, Nelson. Mas, creia-me, tenho meus pudores intelectuais, assim como uma severa…

Carnaval Acaciano

Clauder Arcanjo Ô abre alas que eu quero passar Peço licença pra poder desabafar Sábado de Carnaval, a cidade em ritmo de festejos. Fechei a porta e recolhi-me. Melhor, recolhemo-nos: Companheiro…

Clauder Arcanjo: Meus Dias

De que são feitos os dias? — De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças. Os dias se vestem de luzes, calçam os sapatos da tarde e saem a bailar sobre a claridade prateada da Lua. Os…

APONTAMENTOS DE UMA NOITE QUENTE

Clauder Arcanjo Para meu amigo Bebeto (Bernabe), filho de Angola e adotado pelo Brasil. No cair do dia, se é que dia tão quente cai, eu percebo o trinar de um pássaro nos galhos de uma árvore na avenida. O canário…

MEUS PROJETOS LITERÁRIOS

Clauder Arcanjo — Quais os seus mais novos projetos literários, Clauder Arcanjo? Essa provocação do Companheiro Acácio me tirou o prumo do dia. Não o respondi de imediato, pois sempre suspeito dos questionamentos inopinados do…

CONFIDÊNCIAS A ANGELA GUTIÉRREZ

Clauder Arcanjo* Nas mãos vazias da menina, plumagem mágica de ignoto pássaro nascia e no espelho de seus olhos se esvanecia.   Há magia nas palavras da eterna menina. Eterna por não perder sua plumagem…

Confidências a Akhmátova

Clauder Arcanjo* Na janela, o álamo murmura: “Teu rei já não é mais deste mundo”.  Hoje, não quero falar de álamo, não há álamos no meu sertão. Existem espinhos ferinos; os mais cruéis são aqueles, Anna, que despontam…

Clauder Arcanjo: CONFIDÊNCIAS A PAUL CELAN

CLAUDER ARCANJO Todos os poetas são judeus. (Marina Tsvetáieva) ERA TERRA DENTRO DELES, e cavavam Há mais do que terra dentro de nós, e cavamos cada vez mais. Em busca do centro de tudo. Dos dias, das noites e dos…

CONFIDÊNCIAS A MATILDE CAMPILHO

Clauder Arcanjo* Um homem leva a mão ao peito e repete quatro vezes o nome do seu irmão. Enquanto isso, Matilde, eu levo a mão à obra e repito sete vezes o teu nome como se fosse em flecha-canção. *** Nu, de braços abertos,…

CONFIDÊNCIAS A ROSA

Clauder Arcanjo* Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre — o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os…