CLAUDER ARCANJO*
Há anos que não têm fim
“Não se pode ser sério aos dezessete anos.”
(Arthur Rimbaud, em “Romance”)
A Morte chegou, olhou para dentro de todos os cômodos, observou a face de cada desvalido e…
Clauder Arcanjo*
Nervos expostos ao silêncio num dia insípido
Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.
(Clarice Lispector, em Onde estivestes de…
Clauder Arcanjo*
Profecias de um insone
Está morta a palavra,
Dizem alguns,
Mal é proferida.
Eu digo que só
Então nesse dia
Ela começa a vida.
(Emily Dickinson, em Duzentos poemas)
A palavra, antes de nascer dos lábios…
Clauder Arcanjo
Considerações ocasionais
Por arte entende-se tudo que nos delicia sem que seja nosso — o rasto da passagem, o sorriso dado a outrem, o poente, o poema, o universo objetivo.
(Fernando Pessoa, em Livro do desassossego)…
Clauder Arcanjo*
(“Madona Sistina”, de Rafael Sânzio)
Sabedoria de balcão
Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência.
(Fernando Pessoa, em Livro do desassossego)
Somava os…
Clauder Arcanjo
Entre o Silêncio e Eros
“... a desgraça é que foi levado à loucura por Eros, deus pagão, que quanto mais reprimido mais devasta...”
(Italo Calvino, em O castelo dos destinos cruzados)
Os braços abertos, a boca…
No colo do silêncio, não da solidão
Aforismos devem ser picos, e aqueles que os ouvem devem ser homens grandes e altos.
(Friedrich Nietzsche, em Assim falava Zaratustra)
O pequeno Jonas subia em árvores; dizia que, do alto, se vê…
Noite longa de um dia longo
Há menos sono no mundo agora, as noites são mais longas e mais longos os dias.
(Stefan Zweig, em O mundo insone)
Enquanto a cidade dorme, eu mastigo a minha insônia. Pedras incômodas, ferrugem nos…
O silêncio no desassossego
Teu silêncio exigiu que as minhas palavras cessassem. Desorientado, pus meus olhos nos teus, e eles eram mais silentes ainda.
Decidi fazer barulho, mexendo nas gavetas, revolvendo nossos guardados, mas cada…
Clauder Arcanjo
Por um verso perdido
Dormi, nos ventos. Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo — Deus estável.
(Guimarães Rosa, em Grande sertão: veredas)
O retrato antigo na parede marcada pelos anos. A mobília…