Clauder Arcanjo

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCVIII) – Clauder Arcanjo

Lourival era amigo da natureza. Orgulhava-se de ter domesticado vários animais: cobras, jacarés, lobos-guarás. Mas nunca — suprema ironia — conseguira amansar a fúria da Constantina. — Onça que não aceita o comando de nenhum homem…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCVII) – Clauder Arcanjo

Colóquio com o Cansaço Para Peter Handke O cansaço surgiu, como se invadisse o corpo dos dois uma febre. Ou um arrepio de repulsa. De fora para dentro. Em seguida, o silêncio se pôs entre o casal. Frio, fatal aversão.…

Clauder Arcanjo – PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCVI)

Colóquio com a Sensatez A chuva rasgou o calor do fim da tarde, e eu corri para o teu colo. — O que te trouxe aqui? Não conseguia te responder, apenas a sensação de que o óbvio não te bastaria como resposta. Com as…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCV) – Clauder Arcanjo

Colóquio com a loucura O senso da noite fugiu nas águas escuras da escuridão. — O que me trouxe aqui? Ninguém me responde, apenas o silêncio monta guarda junto à porta semiaberta. Uma leve lufada bate a porta, e pressinto…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCIV) – Clauder Arcanjo

Colóquio com a dor Instala-se dentro dos teus miolos, e não há analgésico que a expulse. Essa dor, senhora, não é física, ela nasce nas turvas águas da tua solidão, nos redemoinhos das lembranças das tuas omissões. E, hoje, quando…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCII)

Clauder Arcanjo* Colóquio com Eduardo Frieiro Na realidade, a arte nasce quase sempre duma dissonância entre o artista e a vida. Torto, não habituado aos pragmatismos. O escritor, quase sempre, sofre com as ditas…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXCI)

Clauder Arcanjo* Diário da Quarentena VIII Em memória de Dona Mosinha Quando ela pôs os pés no terreno níveo do Além, uma comitiva a esperava. Como estavam todos de branco, até imaginou que era Ano-Novo no Céu.…

DIÁRIO DA QUARENTENA VII

Voltou debaixo de uma fina chuva. Apesar de todos os cuidados para os sapatos novos não se molharem, o rosto os banhou de lágrimas, disfarçadas de chuva. Frente à casa, baixou a face e sentiu-se encharcado com as lembranças da infância.…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CLXXXVIII)

Clauder Arcanjo* (Pintura “São Sebastião” (1960), de Guignard) Diário da Quarentena V Dava gosto ouvir suas reclamações contra o mau jeito da lua: — Te apresenta mais plena, ó dadivosa! E os…