Clauder Arcanjo

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO

Águas de março Não há chuvas de março que lavem tanta omissão. Não há águas de março que arrastem tanta lama desta terra de promissão. *** Noto que, no horizonte limpo pela chuva da madrugada, há um arco-íris,…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXIV)

Um cavalo na minha cama Acordo, suado e transtornado, no meio da madrugada. Acendo a luz e, antes de acordar de todo, dou com um cavalo na minha cama. Sem sela, sem bridão, sem cabresto; tão somente, com uma espécie de riso xucro…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXIII)

Para enganar o negrume circundante O mundo e suas canções de timbre mais comovido estão calados, e a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante é silêncio que faz eco e que volta a ser silêncio no negrume…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXII)

Questão de prestar atenção se a gente prestar atenção e fizer silêncio — se a gente prestar atenção e fizer silêncio — pode ser que ouça alguma mensagem perdida no ar. (Marília Garcia, em Câmera lenta) Volta e meia,…

Clauder Arcanjo: Encontro Entre Iguais

Desde o último infortúnio, lá se vão alguns meses, Companheiro Acácio andava sumido. Na certa, desconfio, metido em meditações mil. Sim, caro leitor, Acácio sempre foi tido como um sujeito afeito às filosofices e às análises mais…

Clauder Arcanjo:

Ser ocupante da Cadeira XXXI, da Academia de Letras do Brasil (ALB), cujo patrono é Marques Rebelo, é ofício para o qual me declaro “incompetente”. Não tenho a grandeza do criador de A estrela sobe, não sou detentor da maestria de…

Clauder Arcanjo: A Poesia com Brilho

A poesia tem marca que outros escritos não têm. Em alguns poetas, desponta a nobreza da síntese. Em outros, a sonoridade da métrica. Em poucos, o brilho incomum da singeleza. Estes últimos, questão de preferência, são os que me…

Clauder Arcanjo – Mulheres Fantásticas, Conto XVIII

A Mulher (A)Final Clauder Arcanjo Preso com meus fantasmas, sem palavra a escrever ou discurso a proferir, inquieto-me com o brilho da alvorada, que clareia o vazio do meu dia. Abraço-me com os lençóis, mas o costume me…

Clauder Arcanjo: MULHERES FANTÁSTICAS (XVII)

O dia não raiava, nem o tempo sarava do choro da noite. Sim, a madrugada como se derramara em lágrimas naquela chuva fina e renitente. Eu, as horas em claro, acompanhando a goteira; os pingos caindo dentro do balde posto no meio do quarto.…

Clauder Arcanjo: Mulheres Fantásticas (XVI)

Mulheres fantásticas (XVI) A Mulher Nuvem Clauder Arcanjo O dia estava quente. As paredes da casa pareciam suar. Melquíades, inquieto e tenso, mordia os fios do bigode ralo, reunindo coragem para entrar no quarto.…