Clauder Arcanjo

As ossadas dos nordestinos sacolejam nas memórias obesas da nação. Por onde andam tantas almas? Vagam aflitas? Insepultas, sem o consolo de uma cova rasa? Por que não se vingam de nós, sepulcros caiados? Os ossos dos…

O retrato na parede não lembra as mulheres de Licânia. Não sei o motivo; suspeito que, para mim (ser-criança), as verdadeiras damas devem ter a tez de minha mãe. Se Freud explica?! Pode ser, este austríaco foi um grande filho de uma mãe.…

A lógica da noite é avessa aos paradigmas do dia. Enquanto as estrelas, na ordem direta do brilho, fazem os enamorados pulsarem, os matutinos amaldiçoam a claridade da lua. &&& Nota-se a lealdade de um homem,…

A paz da tarde morre no colo das árvores, e eu escuto o lamento dos homens distantes. São espectros que me lembram da fome longínqua, da inquietude dos aflitos, do abandono dos asilos e da desesperança no olhar dos jovens. …

Antes de dobrar a esquina, quis olhar para trás, mas, ao se lembrar de que poderia guardar saudade dos olhos dela, acelerou o passo e... morreu de tristeza na curva seguinte. &&& Dois mais dois só não…

Pílulas para o Silêncio (Parte CLII) Clauder Arcanjo* “... e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.” (Clarice Lispector, em A paixão segundo G.H.) Aqui, distante de minha…

Pela noite, pela paz... Pela noite. Melhor, pela noite longa. Sinto que algo falta em mim. Um pé, em que o dedão nos mostrava que a raça era a nossa. Dedo inchado? Não, dedo de Arcanjo. Isso a nos fazer rir; apesar dos sapatos…

A partir do momento que chegamos à idade da razão, deveríamos nos dizer: “Resigna-te à derrota, em todo caso não te aflijas, considera que nela reside o sentido de tua vida. Vai mais além: faz dela uma conquista, tua conquista”. (E. M.…

Colóquio silente com a foto de uma matriz Para o fotógrafo Otávio Mendes Frente à praça desfolhada, percebo o vulto de uma igreja. Matriz da cidade? Não sei, pouco importa a resposta ou o tal lugar em que esta Casa de Deus…

Colóquio por entre A queda Ser senhor do próprio estado de espírito é privilégio dos grandes animais. E, pelo jeito, senhor Camus, depois de tanta (in)civilização ao longo dos séculos, o homem perdeu tal privilégio? Suspeito que…