Visita de Lula à China “consagra” influência de Pequim na América Latina, diz imprensa francesa

A imprensa francesa analisa a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China nesta quinta-feira (13). Com uma pauta variada, que vai da reaproximação bilateral com o seu maior parceiro comercial a uma tentativa de mediação no conflito entre Rússia e Ucrânia, a visita de Estado “será acompanhada com atenção pelas diplomacias” mundiais, ressalta o jornal Libération.

Por RFI:

Para o diário, o principal objetivo de Lula é “retomar os laços abalados do Brasil com a China”, depois que o seu antecessor, Jair Bolsonaro, “endossou” teses do americano Donald Trump sobre Pequim e criou “atritos diplomáticos” com o país que é destino de um quarto das exportações brasileiras.

Libération observa que, apesar de o agronegócio brasileiro permanecer um “sólido bastião bolsonarista”, a comitiva de Lula à China inclui diversos dirigentes do setor. Do ponto de vista diplomático, o jornal ressalta que o presidente busca um “equilíbrio” entre as democracias ocidentais e uma aproximação “pragmática” com a China.

‘Quem dá mais’ entre China e os Estados Unidos

Já o Le Figaro dispara que “Lula joga o Brasil nos braços da China”, ao concluir que a “ambiciosa” visita do petista a Pequim “consagra a influência da República Popular na América Latina”. O jornal ressalta que o presidente Xi Jinping “desenrolou o tapete vermelho para Lula” para aumentar a influência geopolítica e econômica” na região, num contexto em que Washington perde o seu monopólio nas Américas. O Le Figaro lembra, entretanto, que o petista já esteve nos Estados Unidois, em fevereiro.

Nas páginas da revista Marianne, a historiadora especialista no Brasil Anais Fléchet afirma que o presidente aproveita este momento para “ver quem dá mais, entre a China e os Estados Unidos”. Na entrevista, a pesquisadora destaca que “há uma vontade muito clara de Lula de reinserir o Brasil na cena internacional”.

Na mesma linha, o cientista político Gaspard Estrada, da Sciences Po de Paris, explica em entrevista à emissora France 24 que essa movimentação do presidente “é coerente com a tradição política brasileira, que sempre privilegiou o multilateralismo”.

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