Um LGBTI+ é assassinado a cada 34 horas no país, aponta relatório

O Brasil continua a liderar o ranking dos países que mais matam LGBTIs+. De acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), ao menos 256 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros foram vítimas de morte violenta em 2022. A partir da análise do noticiário, foram apontados 242 homicídios e 14 suicídios ao longo do ano passado, ou seja, uma morte a cada 34 horas.

 

Entre as vítimas, 134 (52%) eram gays e 110 (43%) travestis ou transexuais. Como comparação, mesmo com 100 milhões de habitantes a mais em sua população, os Estados Unidos registraram a morte violenta de 32 trans no mesmo período. Mais da metade dos crimes foram cometidos por armas de fogo ou brancas. Também há casos de asfixia, espancamento, apedrejamento, esquartejamento e atropelamento proposital.

 

Apedrejamento e esquartejamento

 

“É absolutamente inconcebível nossa sociedade civilizada conviver com 12 casos de apedrejamento e esquartejamento de gays e travestis. Nem nos países islâmicos e africanos mais homofóbicos do mundo, onde persiste a pena de morte contra tal segmento, ocorre tanta barbárie”, denuncia o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, que faz esse tipo de monitoramento há 43 anos. Como se baseiam em notícias publicadas em meios de comunicação, os dados indicam uma subnotificação de casos.

tortura refletem a crueldade e virulência da homotransfobia. “E de igual modo, o calvário vivenciado pelos suicidas LGBT+, onde a intolerância, sem dúvida, foi o combustível para minar sua autoestima”, explica.

 

A nota destaca do GGB destaca alguns dos episódios de maior violência contra LGBTI+s noticiados:

 

– No Distrito Federal, na Granja do Torto, “homem de 20 anos mata conhecido com 59 facadas e dois golpes de enxada na cabeça, dormindo a seguir ao lado do corpo da vítima: matou o idoso de 60 em defesa de sua honra, disse o assassino” (25-7-2022).

 

– A travesti Jerry, 45 anos, é assassinada com mais de 40 tiros quando estava sentada em frente à casa de familiares em Coreaú, Ceará. (11-11-2022).

 

– “Homem de 30 anos que estava morando na casa de uma travesti em Montes Claros declarou que ‘a vítima insistiu em ter relações com ele’ e não aceitando, em posse de uma mão de pião deu vários golpes contra a vítima, acertando-a mortalmente na cabeça.” (23-9-2022).

 

O presidente da Aliança Nacional LGBT, entidade parceira da pesquisa, Toni Reis, propõe cinco propostas a curto prazo para erradicação das mortes violentas de LGBT no Brasil: “A urgência de educação sexual e de gênero em todos níveis escolares, a aplicação exemplar dos dispositivos legais de criminalização do racismo homotransfóbico, a adoção de políticas públicas que garantam a cidadania plena desse segmento e o apelo para que as vítimas de tais violências reajam e denunciem sempre todo tipo de discriminação”.

 

Deixe um comentário