Sindicalistas, artistas e religiosos dizem que Bolsonaro ‘nega a ciência’ e que há ‘descaso’ com vacinação

Em carta aberta, grupo afirmou também que presidente governa com 'gangue de fanáticos', G1 procurou Planalto e aguarda resposta. Média móvel de mortes por Covid chegou a 1.455. Por G1 — Brasília

Por G1

Sindicalistas, intelectuais e religiosos divulgaram uma carta neste sábado (6) na qual afirmam que o presidente Jair Bolsonaro “nega a ciência” e que há “descaso com a vacinação”.

(ATUALIZAÇÃO: Na primeira versão da carta, os autores afirmaram que o Brasil se tornou uma ‘câmara de gás a céu aberto’. Depois, o trecho foi retirado. O restante do texto foi mantido.

Segundo os organizadores da carta, o documento é assinado por centrais sindicais (Força Sindical, UGT, CSB, CUT, CTB, NCST, CGTB, Pública, CSP Conlutas e Intersindical), sindicalistas o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, o teólogo Leonardo Boff e o cantor Chico Buarque (veja a lista abaixo).

Neste sábado (6), o país registrou 1.498 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas e chegou a 264.446 óbitos. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.455, a maior desde o começo da pandemia.

“Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil, junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista. Esse homem sem humanidade nega a ciência, a vida, a proteção ao meio-ambiente e a compaixão. O ódio ao outro é sua razão no exercício do poder”, diz um trecho da carta.

“O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, criam o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas”, acrescenta o documento.

Hospitais de todo o país estão superlotados, e os governadores afirmam que os estados estão “no limite”. Diante disso, pediram ao governo federal que adote medidas e procure organismos internacionais a fim de adquirir mais doses de vacinas.

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu em vídeo a vacinação em massa contra a Covid-19 e “primeiro, a saúde” porque “sem saúde, não há economia“.

A declaração foi dada no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro xingou de “idiota” quem defende a compra de mais vacinas e acrescentou: “Só se for na casa da tua mãe“.

Íntegra

 

Leia a íntegra da carta aberta:

CARTA ABERTA À HUMANIDADE

“Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança.” Hanna Arendt.

O Brasil grita por socorro.

Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil, junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista.

Esse homem sem humanidade nega a ciência, a vida, a proteção ao meio-ambiente e a compaixão. O ódio ao outro é sua razão no exercício do poder.

O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, criam o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas.

O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global.

Apelamos às instâncias nacionais – STF, OAB, Congresso Nacional, CNBB – e às Nações Unidas. Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização.

Vida acima de tudo!

Assinam esse manifesto:

Padre Julio Lancelotti

Leonardo Boff, teólogo

Dom Mauro Morelli

Miguel Nicolélis, cientista

Frei Betto, escritor

Chico Buarque, compositor, escritor, cantor

Silvio Tendler, cineasta

Nilton Bonder, rabino

Celso Amorim, diplomata, ex-chanceler

Jessé de Souza, sociólogo

Zélia Duncan, cantora, compositora

Silvia Buarque, atriz

Milton Hatoum, escritor

Eric Nepomuceno, jornalista, escritor

Marieta Severo, atriz

Edu Lobo, compositor, músico

Camila Pitanga, atriz

Paulinho da Viola, cantor, compositor

Ivan Lins, compositor, músico

Gregorio Duvivier, ator, escritor

Edino Krieger, compositor

Antonio Carlos Secchin, escritor e professor

João Bosco, compositor, músico

José Luis Fiori, cientista político

Patricia Pillar, atriz

Jorge Durán, cineasta

Fernando Morais, Jornalista e Escritor, São Paulo/SP

Ricardo Coutinho – ex-governador da Paraíba

Gisele Cittadino, jurista, ABJD

Marta Skinner, economista

Murilo Salles cineasta

Lucia Murat, cineasta

José Joffily, cineasta

Carol Proner, jurista

Francis Hime, compósitos, músico

Olivia Hime, cantora

Wagner Tiso, musico

Frei Atílio Battistuz, Francisco Missionário

Hildegard Angel, Jornalista

Chico Diaz, Ator

José de Abreu, Ator

Marcelo Barros, teólogo

Maria Victoria de Mesquita Benevides, cientista política São Paulo/SP

André Constantine, Movimento Nacional de Favelas e Periferias.

Marcelo Barros , Monge e Teólogo Recife/PE

Ivo Herzog, Engenheiro São Paulo/SP

Marcio Pochmann Economista Campinas/SP

Siro Darlan de Oliveira Desembargador TJRJ Rio de Janeiro/RJ

Isabel Salgado, Técnica de Vôlei , Rio de Janeiro/RJ

Carol Solberg, Vôlei de Praia Rio de Janeiro/RJ

Joel Cornelli , Técnico de Futebol Caxias do Sul/RS

Acioli Cancellier de Olivo Servidor Público Federal Aposentado, São José dos Campos/SP

Sérgio Pinto, Presidente da Associação dos Servidores da Cultura Brasilia/DF

Chico Alencar, Professor, escritor e vereador Rio de Janeiro/RJ

Wilson Ramos Filho, Xixo, Professor, escritor e vereador Curitiba/PR

Frei Atílio Battistuz, Francisco Missionário Marajó/PA

Afonso Borges Escritor e Gestor Cultural Belo Horizonte/MG

Tiago Maiká Muller Schwade Geógrafo Amazonas

Luiz Fernando Emediato Escritor e Editor São Paulo/SP

Hélio Doyle Jornalista Brasília/DF

Regina de Assis Professora/Doutora Rio de Janeiro/RJ

Geraldo Mainenti Jornalista Rio de Janeiro/RJ

Eva Doris Rosental Gestora da Área Cultural Rio de Janeiro/RJ

Benedito Tadeu César Professor da UFRGS Porto Alegre/RS

Padre Niraldo Lopes de Carvalho Religioso Rio de Janeiro/RJ

Deyvid Bacelar, Petroleiro e Coordenador da FUP Feira de Santana – BA

Affonso Henriques Guimarães Correa, Economista Rio de Janeiro/RJ

Marina Maluf, Historiadora São Paulo/SP

Olivia Byington, cantora e escritora

Daniel Filho, diretor

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