Santiago da Compostela – II

 

 

Prosseguimos com algumas considerações sobre a viagem que realizada a Santiago da Compostela. Uma providência importante foi receber a credencial do peregrino. Esse documento é necessário para ficar habilitado a receber a Compostela, quando da chegada ao destino final. O primeiro carimbo recebido foi do Convento de La Merced, na diocese de Lugo. Quem vai a São Francisco do Canindé visitar seu santuário é romeiro. Quem vai a Santiago é peregrino. É tudo a mesma coisa. Peregrinos ou romeiros, colocamos a mochila nas costas e iniciamos o percurso escolhido até chegarmos ao destino final. Estabelecemos a meta inicial de seis dias de caminhada, terminando por cumpri-la em cinco.

Tudo era novidade. Hospedagem em albergue, bem diferente de hotéis que sempre utilizara em outras viagens. Outro fato positivo foi andar entre os campos com plantações de eucalipto, bosques e fazendas. O início da primavera tornava o ambiente bucólico mais bonito. As setas amarelas e totens com a concha simbolizando o caminho passaram a ser os símbolos mais constantes no dia a dia. Os residentes locais, sempre sorridentes e sem exceção, desejavam um “bueno caminho”. Via de regra, havia um estabelecimento a cada três quilômetros, onde se podia parar para descansar ou tomar um café com sanduiche de queijo com salame.

No primeiro dia faz-se contato com peregrinos de outros países. Os motivos da caminhada variam do aspecto religioso, espiritual ou à simples curiosidade. Nos dois primeiros dias já havíamos contatado com peregrinos do Canadá, Estados Unidos, Colômbia, Irlanda, Alemanha, Israel, Colômbia, Portugal, espanhóis de outras regiões, como ilhas Baleares e Ilhas Canárias. Os contatos se revezavam dependendo da rapidez ou morosidade do caminhante. As idades eram variáveis. Um casal de alemães levou duas crianças, entre 8 e 10 anos que faziam o caminho como todos os demais peregrinos. Não se houve necessidade da permissão do conselho tutelar de sua cidade.

Do terceiro para o quarto dia meu joelho direito começou a reclamar da marcha forçada, resultado de subidas e descidas mais acentuadas. Não me preocupei muito pois, na véspera, tinha visto muitos jovens claudicando e reclamando de dores generalizadas. Para não parar, fiquei pisando com a lateral do pé, esperando que a dor aliviasse. Deu resultado. Foi assim até o final da caminhada, chegando triunfalmente ao Monte do Gozo, 5 km antes de Santiago, que tem esse nome por ser onde se avista pela primeira vez as torres da catedral. Confesso que não consegui comprovar essa afirmativa. Não vi as torres. No local, um monumento que registra a visita do Papa João Paulo II a Compostela, no ano de 1989.

Voltarei a escrever considerações finais sobre a magnífica peregrinação realizada.