REMINISCÊNCIAS: CARLOS MOURA, O MUDO DE SOLON

Wilson Bezerra de Moura

É pra isso que a escrita existe, para registrar no dia de hoje para a posteridade e serem analisados as causas e efeitos dos fatos.

Um dos órgãos noticiosos de Mossoró, datado de 27.02.1978, anunciava o falecimento de Carlos Moura, pessoa bem identificada na sociedade mossoroense, em especial no sistema educacional, filho do professor Joaquim Solon de Moura e dona Anita Leão de Moura.

Conheci Carlos muito bem e me identifiquei com ele, tanto pela ligação com seu pai, por ser meu professor de matemática e ex-diretor do colégio onde estudei, União Caixeiral, e por ser ele bastante identificado na sociedade mossoroense.

Na Escola Técnica de Comércio União Caixeiral Carlos Moura prestava relevantes serviços espontaneamente, mas tinha uma preocupação com seus afazeres e obrigações, parecendo até ser empregado, mas não o era. Fazia para ajudar o pai, e o fazia tão dedicado, cuidava da guarda dos diários de classe, tocava o sino à entrada e saída da aula, tinha a preocupação de entregar os diários de classes aos professores bem preservados.

Sucede que quando o professor chegava atrasado ele fazia questão de não só entregar o diário de classe, como mostrar ao professor o relógio indicando que ele estava atrasado. Mesmo assim era tanto querido de todos que ninguém ficava magoado com a reclamação.

No expediente extra da escola, Carlos Moura dava-se ao serviço de pagar as contas bancárias, água, luz, telefone e outros, das pessoas ligadas ao magistério. Com isso recebia uma gratificação de quem o procurava a tais serviços e, consequentemente, aumentava a sua simpatia de todos, tornando-se fiel amigo.

Na casa da Avenida Rio Branco onde morava Carlos Moura com os pais, certo dia, pouco antes do velho professor falecer, cheguei na companhia de um parceiro meu de campanha beneficente, chamado Chico Duarte, companheiro ferroviário, e fizemos-lhe entrega de uma Escritura Pública da casa que a partir daí seria de seus domínios, fruto de uma campanha que fizemos, na sociedade de Mossoró, eu e Chico Duarte, para aquisição do imóvel.

A escritura foi doada pelo escrivão do Primeiro Cartório, Sebastião Vasconcelos dos Santos.

Deixe um comentário