Reminiscência – Wilson Bezerra de Moura

VIDA LITERÁRIA EM MOSSORÓ – 1943

É assim que se revive um passado, vasculhando os fatos e artifícios deixados por nossos antepassados. O livro sobre Mossoró, a tão decantada obra que o saudoso folclorista Câmara Cascudo, articulador, estimulador de Vingt-un Rosado a escrever sobre Mossoró, terra em que ele nasceu, segundo Cascudo, muito tem a explorar que possa contribuir para o engrandecimento cultural.

Na década de 30, muitos mossoroenses estudavam noutras cidades, Maceió, Olinda, Recife, cujas localidades serviam de berço intelectual e profissional. Era a cidade dotada de virtuais tradições históricas que serviam de impulso à criação de instituições culturais, movidos justamente pela força e disposição desses acadêmicos que para aqui vinham diplomados com curso superior, dotados de muitas inovações culturais.

O pensamento intelectual, incentivado pelas tradições das gerações mortas, forçava, decerto, o pensamento dos vivos, estimulando estes a fundarem instituições que despertavam em todos o desejo de crescimento, traduzido no sentimento de novos conhecimentos.

Como fonte do saber, a primeira Associação Mossoroense de Pensamento e Cultura foi criada com o intento e verdadeira razão dos imperativos da inteligência do seu povo, implantando, enraizando e expandindo a cultura sob a égide de novos ideais do saber mossoorense.

Sem duvida, antes a imprensa foi a baluarte de campanhas em beneficio da sociedade, trazendo nova visão de desenvolvimento, como abolição de escravos, defesa de questões sociais, implantação e crescimento do parque industrial e comercial, tudo veio somar a nova visão de crescimento em vários aspectos, intelectual, literário, artístico, econômico e social da cidade que, indiscutivelmente, contribuiu para o desenvolvimento da região.

Com o livro MOSSORÓ, cuidadosamente escrito pelo professor Vingt-un Rosado, com destaque às boas intenções de ver o crescimento da região, de repente moldou este uma visão de edificação de aspectos ligados ao mundo intelectual, literário, artístico da região, logo fundando instituições culturais e sociais com vistas à edificação de conhecimentos pertinentes à inspiração de uma biblioteca, museus, boletins bibliográficos, por fim a Fundação Vingt-un Rosado, que viria, de futuro, contribuir com eficiente manancial de publicações literárias.

Foi o sentimento intelectual implantado em Mossoró, desde épocas remotas, por não permitir a cegueira de sua gente numa terra onde a padroeira é a Santa dos Olhos.