Rei da Jordânia pede para Blinken pressionar Israel por cessar-fogo em Gaza

O rei Abdullah II, da Jordânia, pediu neste domingo (7) para os Estados Unidos pressionarem Israel para obterem um “cessar-fogo imediato” em Gaza. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, esteve em Amã nesta manhã, segunda etapa do giro que realiza no Oriente Médio para tentar evitar uma escalada regional do conflito.

Por RFI

De acordo com um comunicado do palácio real jordaniano, Abdullah II alertou para as “repercussões catastróficas” de uma continuação da guerra entre o grupo Hamas e Israel. Ele também enfatizou a necessidade de acabar com a “trágica crise humanitária na Faixa de Gaza”.

Blinken chegou na noite de sábado ao país, onde também visitou um centro do Programa Mundial de Alimentos, de acordo com um integrante da comitiva americana. O secretário de Estado ouviu de Abdullah II que “a região não experimentaria estabilidade sem uma solução justa para a questão palestina e sem a conquista de uma paz justa e abrangente, baseada na solução de dois Estados”.

O rei também repetiu “a rejeição total da Jordânia ao deslocamento forçado de palestinos” e “as tentativas de separar Gaza da Cisjordânia”, dois territórios que são parte integrante de um futuro Estado palestino, na sua concepção.

Blinken reafirmou na noite de sábado, durante uma escala em Creta, a importância de “garantir que o conflito não se espalhe”. “Uma das verdadeiras preocupações é a fronteira entre Israel e o Líbano e queremos fazer todo o possível para garantir que não haja escalada”, acrescentou.

De sexta para sábado, o movimento islâmico libanês Hezbollah disparou dezenas de foguetes contra o norte de Israel, na primeira resposta à eliminação do número dois do Hamas, Saleh al-Aruri, morto na terça-feira em um ataque de drones nos subúrbios de Beirute, um reduto do grupo armado. Ele citou em particular o “papel vital” que a Turquia pode desempenhar neste sentido, depois de falar no sábado em Istambul com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

A guerra entre Israel e o Hamas, que entra no seu quarto mês neste domingo, suscita receios de uma explosão da violência não só na fronteira israelo-libanesa, mas também no Iraque, na Síria e no Mar Vermelho.

Depois da Jordânia, Blinken vai para o Catar, que desempenhou um papel de mediador da trégua entre Israel e o Hamas palestino no final de novembro. Depois, o secretário de Estado segue para Abu Dhabi, Arábia Saudita e Israel – onde Blinken espera ter conversas que “não serão fáceis”, como ele próprio definiu.

Familiares voltam a local de ataques de 7 de outubro

No dia em que a guerra entre Israel e o Hamas entrou no quarto mês, deixando quase 23 mil mortos no enclave palestino, familiares de israelenses vítimas dos ataques do grupo islâmico em Israel visitaram pela primeira vez o lugar onde uma rave foi interrompida por militantes armados da organização extremista islâmica, em 7 de outubro passado. Ali, a poucos quilômetros da fronteira com Gaza, 364 pessoas foram mortas e cerca de 40 foram sequestradas.

No terreno baldio rodeado de árvores, estão expostas dezenas de fotos de vítimas, às vezes com velas ou um buquê de flores, relata a enviada especial da RFI a Re’im, Murielle Paradon. Ahuva Maitzel veio lamentar a perda da filha, Adi, morta durante a festa da Tribo da Nova. Esta é a primeira vez que ela visita o local desde 7 de outubro.

Soldado israelense chora em meio a fotos de vítimas dos ataques de 7 de outubro na rave Tribo Nova, em Re'im, no sul de Israel. (05/01/2024)
Soldado israelense chora em meio a fotos de vítimas dos ataques de 7 de outubro na rave Tribo Nova, em Re’im, no sul de Israel. (05/01/2024) © Maya Alleruzzo / AP

“Eu não poderia vir aqui antes. Disse a mim mesma que não queria saber de nada do que aconteceu porque é horrível demais”, explica a mãe da jovem de 21 anos. “Mas, ao mesmo tempo, senti a necessidade de saber. E agora acho que voltarei muitas vezes, até que tenhamos um memorial nacional”.

Ahuva Maitzel está dividida entre a tristeza e a raiva. É preciso, diz ela, fazer tudo para garantir que uma tragédia como esta não volte a acontecer. “A guerra contra o Hamas é uma guerra contra a ideologia por trás das suas ações. Não podemos matar esta organização fisicamente. Enquanto a sua educação for orientada para a destruição de Israel, penso que nada vai mudar.”

Um ex-refém que havia sido capturado durante o festival também estava neste fim de semana no local, onde circulou, emocionado, pelas fotos de vítimas da festa. Itay Regev, de 18 anos, foi sequestrado junto com a irmã e vários amigos naquela noite.

“Estive aqui no dia 7 de outubro. Fomos sequestrados, eu, minha irmã Maya e meus amigos Omer Shemtov e Ori Danino”, conta. “Eu sei o que as pessoas passaram aqui no dia 7 de outubro. Também sei o que os reféns em Gaza têm passado durante 90 dias. Fiquei em cativeiro por 45 dias e cada dia lá dura para sempre. As condições de vida são muito, muito duras”, relembra. “É difícil sobreviver, muito difícil.”

Itay Regev teve a sorte de ser libertado com a irmã no final de novembro, graças a uma troca de prisioneiros. Mas seus amigos continuam reféns em Gaza.

A poucos quilômetros de distância, os incessantes bombardeios do exército israelense recordam que a guerra é real e que também continua a causar milhares de vítimas civis palestinas.

(Com informações da AFP)

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