Reflexões Teológicas: com Ricardo Alfredo

Artigo da Semana – VEM CHEGANDO O CARNAVAL – [email protected]

VEM CHEGANDO O CARNAVAL

Todos os anos, é perceptível que milhares de pessoas ficam ansiosas pela chegada do carnaval. E esse despertar, com a sua chegada, cria um clima de festejos e comemorações.

Normalmente, no carnaval, é quando diversos amigos se reúnem buscando alegria, diversão, direito as músicas altas e momento de muita agitação. Sempre é assim para a maioria da sociedade. Apesar de uma parte busca refúgio em seminários, retiro espiritual, encontro familiar em chácaras e mesmo nas praias.

A própria palavra carnaval faz menção ao seu significado, ou seja, etimologicamente, o termo carnaval significa: adeus a carne, festa da carne ou carne vale. Por outro lado, o termo carnaval, vem da derivação do latim “carnis levale”, que significa “retirar a carne”. Historicamente e Teologicamente, há um motivo para o termo carnaval, que é a prática da abstinência de carnes vermelhas próximo ao período da quaresma. A qual era uma imposição da igreja para comemoração da quaresma pelas comunidades cristãs.

Na visão histórica e sociológica o carnaval ou entrudo, é comemorado durante três dias. E tendo a sua chegada no Brasil, pelas mãos dos italianos e franceses no século XVI, através de bailes de máscaras, que já acontecia na Europa.

No entanto, é necessário que utilizemos da visão sociológica para explicar o carnaval, a festa do povo. E o ponto de partida encontramos na história, e o relato que mistura o sagrado e o profano. Visto que, a relação entre o carnaval e a quaresma é quase indissociável, do ponto vista cultural.

O fator primordial na disseminação do carnaval, foi a queda do império Romano e o crescimento do cristianismo no mundo como religião oficial do Império/Estado. Mesmo tendo, comportamentos individuais e opostos, tanto a religião, como o carnaval passaram a serem parceiros na divulgação da religiosidade, da cultura popular e das festividades culturais.

É exatamente desta parceria religiosa/sociológica cultural, que o povo ao sair às ruas em procissão festiva do carnaval, foram chamados de atores da bendita festa. Tendo como apoio, a ideia de cura das dores e catarses, devido as opressões vividas, as quais, foram impostas pelo sistema dominante.

Uma das grandes preocupações que nasceram com o carnaval, tem sido o método extravagante da exposição da liberdade, que vem se tornando gradualmente em libertinagem. Pois, a sensação de liberdade pode ser confundida, e quase sempre é influenciada pelo desejo do não permitido socialmente.

E dessa forma, nos carnavais, é de fácil percepção o excesso e o uso fora das regras legais, de: apelo sexual desacerbado, bebidas alcoólicas em excesso, uso de drogas etc. Lógico que estes sintomas não ocorrem somente no carnaval, porém, é nele, que fica mais evidente os seus excesso e descumprimento das medidas legais.

Já na visão Teológica cristã protestante, o carnaval é uma comemoração pagã, que tem suas bases de origem no Egito antigo com a festividade do boi Apis. Conta-nos a história que o boi sagrado era pitando de várias cores e introduzido pelas ruas em comemoração as benções recebidas, e no final da tarde era levado ao Rio Nilo, onde era afogado, encerrado as festividades.

Mais tarde, com as grandes conquistas dos impérios Grego e do Roma, a tradição festiva do boi Sagrado Apis, foi incorporada na cultura dos conquistados. Dessa forma se espalhou pelo mundo.

Entretanto, nos fundamentos mais intensos da Teologia, encontramos o apóstolo Paulo mostrado as duas naturezas humanas; a carnal e a divina. Afirma o apóstolo: “A carne cobiça contra o espírito, e o espírito contra a carne, estes se opõem um contra o outro”. (Gálatas 15:17). É um aviso solene, para que tenhamos cuidado com nossas ações, até porque elas refletem na eternidade.

E é exatamente neste contesto, que apóstolo apresenta a guerra espiritual entre a carne e o espírito, e passa a aconselhar com a visão da eternidade, ao doutrinar: “Andai em Espírito e não cumprireis concupiscência da carne”. (Gálatas 15:16). O apóstolo adverte a todos a andares segundo Espírito e não segundo carne.

Com a chegada do carnaval, é visível a ausência do equilíbrio emocional. A qual tem provocado distúrbios sociais que tem levado a total ausência da ética e da moral. Assim como adverte o apóstolo Paulo ao instruir: “Porque os que estão segundo a carne, inclina-se para as coisas da carne, mas os que estão segundo o espírito, para as coisas do espírito”. “Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus”, pois não é sujeita a lei de Deus, nem, em verdade, pode ser. “Porquanto, os que estão na carne, não podem agradar a Deus” (Romanos 8:5, 7, 8).

Infelizmente, nos carnavais tem acontecido uma diversidade de excessos cometidos. Assim como a extrema violência, destruição de lares, males físicos e espirituais. Além da perda da dignidade humana, entres outras coisas como transmissão de doenças sexuais. Por outro lado, constatamos um grande número de violências, assaltos, suicídios, homicídios e etc.

Portanto, Independente do local onde você for passar o Carnaval, o segredo é não perder o senso de responsabilidade, e sempre agir com ética e dentro da moralidade social. O melhor carnaval é aquele que fazemos de dentro para fora, onde nós possamos aproveitar três dias de alegria plena e duradoura, e que mais tarde não tenhamos que nos envergonhar dos nossos atos nestes dias.

Pesquisador e Escritor: Ricardo Alfredo