Reflexões Teológicas: com Ricardo Alfredo

Artigo da Semana I - A CAÓTICA SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO – [email protected]

A CAÓTICA SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Nossos políticos são inexplicáveis. Nem mesmo Freud, em toda sua capacidade de análise sobre o ser humano, é capaz de fazer um retrato da personalidade dos nossos governadores, deputados, prefeitos e vereadores. Visto que, diante do povo o discurso é totalmente a favor da educação e dos educadores, porém, nos bastidores e nas mesas de decisão, a realidade é outra.

Encrostados na alma política, estão: o fingimento e a falsidade, a sujeira e a corrupção, que andam de braços dados.  E é justamente no período eleitoral que aflora com maior intensidade os discursos em favor da educação e dos educadores. Entretanto, no dia seguinte, ao término da eleição, tudo é esquecido e lançado no mar da amnésia.

Quando a assunto é a melhoria para educação e os educadores, e eles, políticos profissionais, estando de frente as câmeras de Tv, aos repórteres, as revistas e aos jornais, todos são a favor. E pior, o teatro é tão bem-feito que até saem brigas e palavrões para defender a educação. No entanto, ao desligar os microfones e as câmeras, a conversa é outra, e tudo que foi dito era apenas defesa política para ficar bem com suas bases eleitorais.

Já quando o assunto é o aumento salarial para os educadores, referente ao piso nacional, certamente começa a briga. O sindicato finge que defende a classe. A classe finge que acredita no sindicato. Os gestores municipais e estaduais fingem que quer dar o aumento, e os deputados e os vereadores fingem que estão empenhados para que o aumento ocorra como manda a lei, e tudo não passa de fingimento. Até porque a lei neste país só é válida para beneficiar os ricos e poderosos. E a classe de professores, não está dentro desta visão, são apenas professores e nada mais!

Dessa forma caminha a educação. Dentro dos discursos políticos é o dínamo da mudança social. No entanto, na prática, é apenas o povo sofrido e a classe de heróis que lutam para educar uma nação, que sofrem desprezo contínuos, além de serem marginalizados quando exigem melhorias. É imperativo que o povo desperte desse sono profundo, e comece a exigir de fato e de direito melhorias no processo educacional, e não essa maquiagem de supostos números e investimentos.

O sucateamento da educação é visto a olho nu, basta ter o conhecimento do chão da escola. E o pior de tudo isso é que um pequeno grupo de educadores, ao verem as trintas moedas, do campo político, que os acenam, logo se vendem, esquecendo-se de sua atuação e de sua luta por melhorias na educação.

É com muita dor no coração, que digo, não há mudança verdadeira na educação, apenas jogo de interesse. Quem é eleito, criar em torno de si, um muro de propagandas, que apenas desinforma a população, induzindo ao erro e culpando os educadores.

E o pior de tudo isso, é ter que enfrentar um cruel modelo de investimento na educação. Somos contados como gado por cabeça. Que dentro do misterioso mundo dos gestores das esferas; Federal, estaduais e municipais, o investimento de ser feito por aluno matriculado, ou seja, quanto mais alunos, mais verba. E é neste ponto, em que há maior o problema, o valor por aluno é irrisório, cruel e desumano.

A merenda escolar, apesar do esforço feito pelas merendeiras, é pouca, regrada e de qualidade inferior. E atrelado a todos esses problemas educacionais, ainda temos que enfrentar a insegurança dentro e fora das escolas. O que influência diretamente no desenvolvimento dos bairros e das comunidades e da própria educação dos alunos.

De fácil percepção, o grande número de educadores, são excelentes profissionais e comprometidos com a educação de qualidade. Porém, quase todos os dias, estão enfrentando todos os tipos de problemas, como: desinteresse dos pais e responsáveis, insegura e ameaça, falta de reconhecimento, desqualificação da profissão educador pelas autoridades, falta de material didático e salário incompatível com a função. E mesmo assim nossos verdadeiros heróis, os educadores; heróis de um povo, continuam na sua jornada, cheios de esperança no futuro da nação.

Em países em que a educação é levada a sério, os professores são respeitados e honrados, começando pelas autoridades constituídas. Em países em que os professores são meros trabalhadores, as autoridades constituídas são verdadeiros hipócritas nos discursos abertos ao povo, e nas mesas de negociação são verdadeiros leões na destruição da educação e desqualificação do profissional da educação. É isso que torna a nossa nação de terceiro mundo eternamente. A falta de visão de futuro dos nossos gestores públicos.

O piso salarial dos profissionais em educação, é motivo de constante guerra, entre a classe dos educadores e os gestores estaduais e municipais. Quase todos os municípios não respeitam o piso, fruto de lutas, e quando obedecem a lei, dividem em diversas parcelas adentrado os anos seguintes. No entanto, é sabido que o governo Federal sempre envia os valores do reajuste, os quais, só Deus sabe para onde estão indo.

Em pleno século das tecnologias, os professores têm a função de enfrentar o dia a dia com escolas sucateadas, sem internet, e, quando tem, não conecta. Sem sala de informática, e quando tem os computadores estão obsoletos, escolas quentes, úmidas, falta de material de limpeza, banheiros destruídos e merenda escolar ruim e pouca.

Portanto, para se construir uma nação forte, é preciso investir na educação, no preparo do jovem, e passar a tratar os professores com respeito e dignidade. Deixando de lado a hipocrisia política e as mazelas partidárias que apenas tem conduzido a nação ao caos. E desse modo, teremos uma nação com mudanças reais, com consciência coletiva e formação fundamentada.

Pesquisador e Escritor: Ricardo Alfredo