Reflexões Teológicas: com Ricardo Alfredo

Artigo da Semana – O INVISÍVEL AOS OLHOS HUMANOS, O MUNDO ESPIRITUAL – [email protected]

 O INVISÍVEL AOS OLHOS HUMANOS, O MUNDO ESPIRITUAL.

Essa é uma das mais inspiradoras histórias bíblicas, que relata a vida destruída de um homem, pelo inimigo de Deus. Porém, teve um encontro surpreendente com o libertador e Salvador Cristo. O ocorrido se dar na cidade Garada ou Gerasa, em nossos dias, é a cidade de Queis na Transjordânia, que fica a dez quilômetros ao Sudeste do mar da Galileia na palestina.

O termo ou nome da cidade Gadara, é em referência  a criação de gado e outros animais de pasto que são utilizados em serviços no campo e na cidade. Os quais,  oferecem leite, carne e lã. Onde também podemos acrescentar os cavalos para uso no campo e na cidade, assim como os carneiros e as ovelhas para tecer lá, e carne.

Certamente, não encontraremos o nome deste homem citado nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Todavia, a história do Gadareno nos deixa uma lição poderosa.

A história da cidade era repleta de ódio e rancor, pois os conflitos armados criaram uma dor na alma da população de Gadara, que era tão grande, que se tornou impossível perdoar cada rei, cada imperador, que invadia e destruía todas as casas, levando sempre o povo a fome e a miséria. E por muitas vezes, a cidade foi destruída, e o povo massacrado. Quem sobreviveu, vivia na miséria e na opressão. E desta forma, se sentia no ar, o desejo de vingança e de ódio nutrido por aquele povo.

Dentro do mundo espiritual, o ódio e a vingança desenfreada, são verdadeiros abridores de portas, para alimentar o mal.  E encontrando, essa porta aberta, o mal, passa a possuir e subjugar a vontade humana, tirando-lhes a liberdade, a paz, e os tornando cativos do desejo de vingança.

A manifestação do mal, naquela cidade, tinha como símbolo maior aquele homem, que vivia aprisionado, e dominado pelo mal, vivia como um animal feroz, nu,  gritando pelas montanhas, escondido dentro de sepulcros, e ameaçando de morte a todos que encontravam pela caminho. Relatou o apóstolo: “E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras.” (Marcos 5:5)

Este homem, preso pelo mal, tinha perdido sua família, sua história, e sua vida. E era perceptível que não sabia o que fazer, pois tinha perdido a razão. O seu coração estava cheio de desejo de morte, era apenas o que ele queria, morrer. Pois sabia que tinha sido abandonado por todos.

Alguns, no início, o tinha amarrado com cordas e com correntes, mais nele existência uma força sobre-humana, e nada podia contê-lo. Escreveu o apóstolo Marcos: “Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar.” (Marcos 5:4)

Todavia, o Deus de providência, mostra a humanidade o caminho da liberdade e da libertação, diz o apóstolo Marcos: “E chegaram ao outro lado do mar, à província dos Gadarenos. E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo;” (Marcos 5:1-2)

Há alguns minutos atrás, Jesus tinha apaziguado a tempestade e agora se deparava com outra luta espiritual, a legião que dominava o Gadareno. Certamente, Cristo, criador de tudo, junto a Deus pai, lembrou de Adão que foi criado no mais alto nível moral, de princípios e santidade. E agora se deparava com a sua criação no mais baixo nível, possesso pela casta maligna, em completa miséria.

A beleza da criação, já não refletia mais naquele homem, pois não possuía nada de si mesmo, mais refletia apenas o caráter dos demônios que o atormentavam. O apóstolo João descreveu essa perda, ao afirmar: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir…” (João 10:10)

A empatia de Cristo, ao ver o estado deprimente, em que aquele homem estava, e a vida miserável que tinha, diante da opressão do mal. Sentiu em seu coração, a compaixão, pois o homem nunca tinha sido feito para tamanho sofrimento. Por isso, o apóstolo João escreveu: “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” (1 João 3:8)

Conta-nos a história que os espíritos que atormentavam aquele homem foram lançados sobre os porcos, como narra o apóstolo Marcos: “E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.” (Marcos 5:11-12) “E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar.” (Marcos 5:13)

Após o milagre, a notícia logo se espalhou, e muitos vieram ver de perto, e ficaram pasmos por ver aquele homem que vivia nu, sujo, coberto por uma vida miserável, e em constante loucura, liberto. O homem, antes, possesso, agora estava calmo, vestido, com plena posse das faculdades mentais e sentado conversando com o mestre e seus discípulos. No entanto, quando os cidadãos, procuraram suas varas de porcos, e não encontram, e ao saberem da notícia do que tinha acontecido com seus animais, pediram ao mestre e a seus discípulos, que saísse de suas terras e dos seus termos, como descreve a testemunha ocular o apóstolo Marcos: “E começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos.” (Marcos 5:17)

A perda dos animais é mais sentida do que a alegria pela libertação do ser humano de sua vida miserável. Logo, todos preferem viver no comodismo econômico, do que se alegrar com alguém que foi liberto do mal. Os porcos, para eles, valiam mais que uma vida humana. Era claro com a luz do dia, a total ausência de amor e de compaixão pelo próximo, de toda aquela cidade. Não era atoa, que o reino do mal tinha instalação e aceitação entre eles.

Todavia, quando a presença do mestre e rei Cristo chega, o medo, a solidão, a depressão e a escravidão, batem em retirada. Assim como na presença de Cristo, faz os espíritos que atormentam os homens, fugirem cheio de pavor.

Certamente, a libertação vem sempre acompanhada da falta de compreensão e aceitação. Porém, quando se sente a doce presença de Cristo, nada mais é importante. Pois, o conhecimento, os saberes, as riquezas, tudo fica em último plano, e não mais valem nada. Visto que, o amor  que foi derramando e recebido, supera a tudo.

Pesquisador e Escritor Ricardo Alfredo

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