QUANDO FUI PRÉ-CANDIDATO AO SENADO

 

Ney Lopes

O uso dos bilhões do Fundo Eleitoral no Brasil demonstra que o crime compensa.

Verdadeiro escárnio, que fere os princípios mínimos de moralidade pública.

E nada se faz.

O que se observa são as brigas partidárias entre coautores, tentando receber uma fatia maior.

Para melhor percepção, os partidos têm duas fontes de recebimento de dinheiro público.

Criado em 1995, o fundo partidário banca despesas cotidianas dos partidos, com montante definido todo ano por meio da lei orçamentária.

O fundo historicamente banca compras de itens de luxo, contabilidade sem pesquisa de preços; despesas vedadas ou estranhas às atividades partidárias, festas, reforma em imóveis de dirigentes, viagens injustificadas, pagamentos em duplicidade e honorários para advogados de réus da Lava Jato, além de indícios de falsidade ideológica.

Houve até a aquisição de aeronaves com recursos partidários. Os dirigentes recebem salários e mordomias mensalmente.

Tudo comprovado.

Além disso, o fundo eleitoral foi acrescentado em 2017, com somas vultosas de dinheiro para bancar as despesas de campanhas eleitorais, disponível em ano de eleição.

Em 2022 são R$ 4.961.519.777,00, representando a maior soma de recursos já destinada desde a criação, e foi distribuído entre os 32 partidos políticos.

Não há critérios rígidos para distribuição do dinheiro nos partidos.

O domínio é dos “donos” de partidos, que manipulam como querem os recursos.

Veja-se que até o filho do presidente Bolsonaro está reclamando que o dinheiro não chega para a campanha do pai dele.

A política do RN teve recentes episódios de mudanças de apoios eleitorais, por força de recursos prometidos e não liberados por partidos na disputa.

Percebem-se nitidamente concentração de poder em dirigentes das legendas e fraude no cumprimento de cotas de candidaturas femininas.

Os “caciques” concentram os recursos.

Desde quando fui deputado federal (saí em 2007) defendo que legislação seja aperfeiçoada para fixar critérios no uso e fiscalização dos fundos eleitoral e partidário.

Presidi comissões especiais que produziram propostas, porém quando submetidas ao plenário os “proprietários” de partidos levam para o arquivo.

Com essas “regras do jogo” o Brasil não terá jeito.

Em 2026 os problemas e vícios serão os mesmos.

Preocupa não haver sinais de mudança.

É público que tentei candidatar-me ao senado nesta eleição, com ideias, propostas inovadoras, demonstração de experiência e serviços prestados como parlamentar durante 24 anos.

Entretanto, percebi em tempo, que boa-fé e boa intenção não pesariam diante do processo eleitoral viciado e transformado em mar de lama.

Militei na política por vários anos.

Tive apoios em todos os recantos do RN.

Fui leal até hoje com quem sempre confiou em mim na vida pública.

Porém, mesmo assim, sofri em breve período de pré-candidato traições, golpes baixos, indiferença, ações sub-reptícias para desgastar-me.

Lembrei o ex-deputado Djalma Marinho, quando dizia que a maturidade só existe, quando não se tem mais na vida surpresas sobre a lealdade e amizade de pessoas que consideramos.

A conclusão, infelizmente, foi que não atingi a maturidade, por ainda me surpreender e não aceitar a ingratidão na convivência humana.

Mas é assim.

Fazer o que?

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