PSB, início do desmonte

No Rio Grande do Norte, o PSB enfrentava problemas internos sob a presidência da ex-governadora Wilma de Faria. Apesar das divergências, seus dirigentes procuravam uma fórmula que permitisse a convivência civilizada entre seus representantes. Os insatisfeitos reclamavam da concentração administrativa entre a mãe, Wilma e a filha, deputada estadual Márcia Maia, com prejuízos visíveis para os demais companheiros.  Era uma efervescência natural, comum em todos os partidos. Esse quadro foi modificado quando a direção geral convidou o deputado federal Rafael Mota, de outra legenda, a assinar a ficha partidária. Em troca, receberia a presidência regional do partido no Estado. Foi como uma bomba detonada sem a preocupação de saber quem seria atingido pelos estilhaços nem as consequências imediatas.

 

O diretório nacional queria um deputado federal, pouco importando em que situação ficassem os que já participam do diretório local. Preferiu não perder tempo em conversar e trocar ideias com os integrantes do partido, ansioso por atrair um deputado federal, mesmo sendo apenas mais um.  Ele é importante para reforçar a bancada, em Brasília. Foi esse o papel Siqueira em Natal. Deixar claro que a decisão havia sido tomada e quem quisesse ficasse à vontade para permanecer ou seguir novos rumos. Ouviu parte das lideranças de forma impassível, sem diálogo. Em momento algum tentou convencer os correligionários de que a solução que trazia no bolso era a melhor para o partido. Ficou patente que o fortalecimento estadual não era prioridade. O importante era Brasília, onde poderia acrescentar um deputado federal à bancada.

 

A primeira reação oficial com a entrega do diretório ao deputado federal Rafael Mota foi da ex-governadora Wilma de Faria. Oficializou seu desligamento do partido e divulgou sua insatisfação nas redes sociais. Não poupou críticas e afirmou que a nova direção nacional do partido não tem conseguido manter a estatura a que tínhamos chegado. E conclamou os companheiros a repetirem seu gesto. Durante 22 anos Wilma esteve à frete do partido em nosso estado, conhecendo de perto todos os dirigentes municipais, por ela filiados. É possível que, além da deputada Márcia, deixem o partido vários prefeitos e vereadores que atenderão sua convocação. Márcia afirmou que tem recebido convites de outros partidos oferecendo espaço para o grupo do qual faz parte. Talvez ela e Wilma já tenham decidido qual o caminho a seguir, tudo acontecendo na hora oportuna.

 

O leitor deve estar querendo saber o que pensa as ex-deputadas Sandra e Larissa Rosado. Do grupo de Mossoró, ainda fazem parte os vereadores Lahyre Neto e Vingt-u Neto. Em breve haverá a definição sobre o futuro partidário de cada um, inclusive as opções que serão discutidas. Além de Márcia, o PSB elegeu o deputado Tomba Farias e vários vereadores que estão em Natal e outros municípios. Como o PSD é formado por diferentes grupos, nem todos seguirão o mesmo destino. No íntimo, existe a decepção de quem trabalhou com amor pelo engrandecimento do partido. O deputado Rafael Mota, até o momento, não demonstrou capacidade para evitar a diáspora partidária. Para dificultar, 2016 é ano eleitoral. Haverá interesses conflitantes em municípios onde esses grupos exercem liderança efetiva.