Planalto recorrerá à Itália para evitar ataques de bispos

O Palácio do Planalto está preocupado com a atuação dos bispos da Igreja Católica, sobretudo com a ala conhecida como “clero progressista”. A assessoria do presidente Bolsonaro recorrerá à relação diplomática com a Itália, que vive um bom momento desde o esforço do presidente Jair Bolsonaro para garantir a prisão de Cesare Battisti. A equipe de auxiliares de Bolsonaro quer convencer o governo italiano a interceder junto à Santa Sé para evitar ataques diretos à política ambiental e social do governo brasileiro durante o Sínodo sobre Amazônia, que será promovido pelo papa Francisco, em Roma, em outubro.

O Planalto identifica um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo, substituindo o papel que seria dos partidos de esquerda. Nos 23 dias do Sínodo, as discussões vão envolver temas como a situação dos povos indígenas e quilombolas e mudanças climáticas – consideradas “agendas de esquerda” pelo Planalto. O governo brasileiro considera importante ter representantes nas reuniões preparatórias para o encontro em Roma.

Os embaixadores do Brasil na Itália e no Vaticano pressionarão a cúpula da Igreja para minimizar os estragos que um evento como esse poderia trazer, dada a cobertura da mídia internacional. No contra-ataque ao Sínodo sobre a Amazônia, o governo brasileiro projeta realizar um simpósio próprio também em Roma e em setembro, um mês antes do evento organizado pelo Vaticano, quando serão apresentados vários painéis com os diferentes projetos desenvolvidos no País com intuito de mostrar à comunidade internacional a “preocupação e o cuidado do Brasil com a Amazônia”.

“Queremos mostrar e divulgar as ações que são desenvolvidas no Brasil pela proteção da Amazônia na área de meio ambiente, de quilombolas e na proteção dos índios”, disse um dos militares do Planalto. Em nota divulgada na noite de domingo (10) o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) afirmou que a Igreja Católica “não é objeto de qualquer tipo de ação”, mas que existe preocupação “com alguns pontos da pauta do Sínodo”. “Parte dos temas do referido evento tratam de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania nacional. Por isso, reiteramos o entendimento do GSI de que cabe ao Brasil cuidar da Amazônia brasileira.” Também no Brasil o governo quer fazer barulho e mostrar projetos sustentáveis.