PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCCXXVIII)

 

Clauder Arcanjo*

(Dança I, pintura de Henri Matisse)

 

Para quem caminha sem rumo, seguir em frente sempre será o seu norte.

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Tão vazio estava ele que, quando se deparou com o nada, saudou-o como uma suprema graça.

 

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De olhos cerrados, a vista sempre será a sonhada. O sonho é invisível ao olhar arregalado.

 

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Fitou o céu e, sem motivação alguma, não conseguiu desenhar um castelo, nem uma casa de campo, muito menos um cavalo alado ou uma árvore… com as inumeráveis nuvens ao seu dispor.

 

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Sonho sem sonho é tal qual uma paixão sem a bênção de um beijo.

 

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Compassivo sobremaneira, não percebeu as vozes insensatas, os rompantes destemperados, as piadas tóxicas à sua volta.

Ao fim do dia, recolheu-se ternamente e dormiu com os anjos.

 

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Em torno da mesa, imperial, exigia o respeito e o silêncio dos presentes. Quando se levantavam e se retiravam, todos lhe davam as costas de imediato por não aguentarem mais um instante sequer de hipocrisia.

 

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Desafio bom é aquele que eleva e nos encanta. Enquanto os maus são aqueles que nos desestimulam e nos enterram.

 

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Invisível e risível de tal modo que se fazia imprescindível no teatro dos dias.

 

*Clauder Arcanjo é escritor e editor, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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