PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCCXXVII)

 

Clauder Arcanjo*

(Diógenes, pintura de Jean-Léon Gérôme)

 

Pessoal é tudo o que nos atinge. O essencial fere na carne ou no espírito.

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Aquilo que me interessa é necessário para justificar os meus dias. A vida é mera condição de interesses.

 

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Topei com o descaso e não gostei do seu olhar de esguelha. Quem não tem tesão pelo que faz nunca nos encara.

 

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Considerava-se tão sábio que os homens prudentes evitavam a sua companhia. A prudência não se afina com a presunção.

 

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Conferia a si a condição de o último proscrito: vestia-se como um renegado, falava como um destemperado, arguia para si a palavra de contestador de tudo.

Mês passado flagraram-no lambendo as botas de um novo-rico. Manso, enfatiotado, leniente a tudo que surgia dos lábios vulgares do seu ídolo.

 

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Quem aplaude os leões não se importa com o massacre dos domadores.

 

*Clauder Arcanjo é escritor e editor, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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