PF combate crimes financeiros e lavagem de dinheiro no RN
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira, 19, a Operação Caviloso, destinada a apurar crimes financeiros, estelionato, falsidade, lavagem de dinheiro, entre outros delitos no Rio Grande do Norte. Estão sendo cumpridos seis mandados judiciais de busca e apreensão em Natal, expedidos pela 15ª Vara Federal de Ceará-Mirim/RN. Cerca de 30 policiais federais participam da ação.
A investigação teve início para apurar a notícia de que um empreendimento em Ceará-Mirim teve algumas de suas unidades vendidas no exterior, sem a consequente internalização dos recursos no Brasil, fato que poderia importar crime de evasão de divisas.
Além disso, noticiou-se que as aquisições das unidades imobiliárias seriam, na verdade, investimento com percentual de retorno garantido, consistindo em captação de recursos, atividade típica de instituição financeira para a qual não existia autorização.
As investigações confirmaram que os dirigentes da empresa sob suspeita atraíram investidores em Singapura, para receber dinheiro que veio a ser destinado, em parte, a empreendimentos no Brasil, mas não para aquisição patrimonial e, sim, a título de investimento com ganho previamente ajustado.
Diferentemente do que se delineava no início da apuração, o grupo sob investigação tinha atuação bem mais ampla, pois ofertou em Singapura oportunidade de investimento atrelada a outros empreendimentos nas cidades de Parnamirim, Macaíba e São José do Mipibu, situadas na Região Metropolitana de Natal.
Assim, a empresa captou o equivalente maior que R$ 300 milhões, supostamente para erguer loteamentos com 3.516 unidades; no entanto, executou apenas um, com o total de 230 unidades. Nos demais locais nada foi construído, existindo apenas terrenos baldios.
Parte dos recursos captados em Singapura, que deveria ter sido enviada para o Brasil, foi remetida para uma conta bancária em Luxemburgo, na Europa, em nome da empresa criada pelos investigados, revelando que os investidores naquele país foram vítimas de golpe e jamais seriam ressarcidos.
Como tal remessa de recursos para paraíso fiscal está atrelada a omissão de receitas e consequente sonegação de tributos, a investigação também apura lavagem de capitais.
Por fim, no curso da investigação detectou-se um golpe praticado pelos investigados, os quais, sob a promessa de venda de um hotel na Via Costeira em Natal, receberam cerca de R$ 40 milhões, entretanto, falsificaram documentos, afastando o adquirente da propriedade e posse do hotel, sem restituí-lo.
Não haverá entrevista coletiva.
(*) O nome da operação faz alusão àquele que emprega cavilação, isto é, “proposta traiçoeira”.