Pesquisa de mercado revela o perfil do candidato à vaga de estágio em 2016

O programa de estágio representa mais do que uma oportunidade de aprendizado, este tipo de vaga pode significar muitas vezes a chance de iniciar uma carreira de sucesso em uma grande empresa. Porém, diante da crise de emprego enfrentada pelo país, que afeta sobretudo os jovens, é possível notar mudanças de comportamento em relação às prioridades dos estudantes que buscam uma colocação nesse meio tão concorrido.

Um levantamento exclusivo feito pela Companhia de Estágios, consultoria especializada em programas de estágio e trainee, traçou o perfil do estagiário no ano de 2016. A pesquisa realizada entre os dias 08 e 15 de Abril, contou com mais de 1.700 participantes em todas as regiões do país e abordou questões que abrangem o perfil, a expectativa e as inseguranças enfrentadas pelos candidatos que procuram colocação e também daqueles que já conseguiram o tão sonhado estágio.

A pesquisa também contemplou o fator empregabilidade, revelando quais os meios mais utilizados por esses jovens na busca por uma vaga.

 

– Sucesso não é obrigatoriamente boa remuneração

Apesar de boa parte dos estagiários receberem bolsa auxílio de até um salário mínimo (33,3%), a maioria dos entrevistados, empregados ou não, afirmam que a realização profissional é a principal prioridade. A maioria deles aceitaria, inclusive, ganhar menos desde que a empresa garantisse um aprendizado intenso.

O sucesso na carreira passa por outros fatores antes de considerar, necessariamente, a remuneração: esses jovens desejam contribuir para tomada de decisão dentro da empresa e, atuando em sua área de formação, esperam participar de projetos que impactem a sociedade. Tanto que a grande maioria deles (76,6%) não mudaria de profissão mesmo se tivesse dinheiro de sobra.

Nesta etapa da vida, os candidatos estão focados em adquirir experiências que vão além do trabalho convencional, boa parte deles foca em atividades extracurriculares, trabalhos voluntários ou de cunho social. O empreendedorismo é outra características desses jovens: 8% deles afirma ter iniciado algum projeto próprio no último ano.

 

– A internet é a principal ferramenta de busca de vagas

O recurso mais utilizado pelos jovens na busca por uma oportunidade é o cadastramento em sites especializados: mais de 47% se cadastrou em até 5 sites diferentes. O fator de sucesso na conquista da vaga passa, inclusive, pelo meio utilizado para chegar até ela. Dentre aqueles que já conseguiram colocação, 26,2% afirmam que conseguiram a oportunidade através de sites de recrutamento. Esse valor ultrapassa inclusive, o fator indicação, que ainda é muito presente no mercado de trabalho: 24% dos candidatos afirmam terem conquistado a vaga através da influência de terceiros.

As redes sociais representam uma boa ferramenta na procura do estágio: neste âmbito, o Facebook ultrapassa todas os outros sites do nicho, inclusive, a rede social especializada em contatos profissionais LinkedIn. A explicação deste fenômeno se dá pela presença cada vez mais expressiva das empresas no Facebook, o que estimula o compartilhamento das vagas anunciadas nos sites das próprias organizações também na rede social. O Twitter ainda apresenta números tímidos, menores do que os anúncios de jornal, que somam menos de 5% nesse quesito.

 

– Tecnologia no processo seletivo

Cada vez mais presente nos processos seletivos, o uso da tecnologia tem crescido consideravelmente: quase 22% dos entrevistados afirmam ter participado de testes online antes das etapas presenciais. A maioria deles, inclusive, acha interessante e participaria de processos seletivos online via vídeo conferência. Por outro lado, 27% deles ainda preferem as entrevistas e uma minoria, 3,6%, alega não se sentir à vontade com recursos tecnológicos desse porte.

 

– Expectativas e frustrações

O maior desejo desses candidatos é conseguir experiência profissional através de um programa de estágio, seguido da efetivação. Cumprir a carga horária necessária para se formar é um fator pouco relevante para esses jovens, pouco mais de 1% deles afirma ter essa prioridade ao buscar uma oportunidade de estágio.

Por outro lado, o principal receio desses estudantes é não receber o treinamento adequado e não conseguir aprender de fato: quase 32% dos entrevistados afirmam que não conseguir a experiência profissional desejada seria a principal causa de frustração com a experiência.

Realizar tarefas que não condizem com sua área de formação ou que não fazem parte do seu programa de estágio estão entre os pontos que também causam insatisfação e insegurança. Outro ponto que faria o jovem desistir de uma vaga é a distância do local de trabalho: os entrevistados afirmam, inclusive, que morar longe da empresa é pior do que receber uma remuneração ruim.

 

– A empresa ideal

O que os estagiários mais desejam encontrar em uma empresa é um ambiente desafiador, que propicie aprendizado e responsabilidades profissionais. Dentre os valores que os entrevistados buscam no ambiente corporativo, o respeito com as pessoas é mais relevante (28,2%) que a qualidade dos serviços prestados (24,1%).

A responsabilidade socioambiental e honestidade também apresentaram números expressivos, demonstrando que a ética impacta a visão que os candidatos têm sob as organizações. A flexibilidade de horários (21,8%) e inovação (16,2%) são outros pontos desejáveis que fariam, inclusive, o candidato aceitar um salário mais baixo.

Entre as 10 empresas nas quais esses jovens mais desejam conseguir uma vaga de estágio estão gigantes da tecnologia como Google, Apple e IBM. Empresas nacionais também estão entre as mais admiradas: mesmo passando por forte crise econômica e institucional, a Petrobrás ficou na segunda colocação do ranking. Também nacional, a gigante do setor de cosméticos Natura foi a sexta mais citada pelos entrevistados.