Para a História de Areia Branca – Parte 2 – por Geraldo Maia do Nascimento

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Para a História de Areia Branca – Parte 2

De 1630 a 1654 a Província do Rio Grande do Norte esteve sob domínio holandês. Por volta de 1633 foi descoberta a existência de salinas nas margens do rio Mossoró, por um tal Gedeão Morris e depois entregue a administração de Elberto Smienth, as quais deram grandes esperanças de rendimentos.

Segundo Gedeon, “o rio Iwipanim (nome pelo qual era conhecido o rio Mossoró em antigos mapas), demora cerca de cinquenta léguas a leste do Ceará e cerca de sessenta a Oeste do Rio Grande. A salina fica no braço ocidental do rio, coisa de três léguas da margem, de sorte que os barcos e os botes que vierem tomar sal poderão aproximar-se até três quartos de légua da salina. Esta tem a extensão a distância que eu pude percorrer em meia hora e de largura um tiro de mosquete, apresentando-se o sal tão branco como a neve, há alguns lugares com a espessura de um, dois e três dedos, pelo que calculei que vinte navios não poderiam carregar todo o sal ali existente”.

Disse ainda Gedeon: “ Aquele belo espetáculo satisfez os meus fatigados sentidos, mas não completamente, porque o sal fica muito longe do rio e é incômodo embarca-lo. Pensei então se não aprovaria a Deus que eu descobrisse nessa região uma salina melhor situada do que aquela e caminhando assim cerca de uma hora para o Ocidente, ao longo da margem da campina, vi tudo branco diante de mim justamente como se tivesse nevado. Segui para aí e encontrei uma ótima salina com a extensão de quase uma légua, que percorri caminhando sobre o sal e tendo de largura seguramente a oitava parte de uma légua. Em alguns lugares o sal tem a espessura de um, dois ou três dedos e no circuito de um quarto de léguas a grossura de uma mão, pelo que suponho que cinquenta navios não poderão carregar o sal que vi nessa salina”.

As salinas percorridas por Gedeon Morris, pela sua descrição, teriam sido seguramente as existentes a margem esquerda do rio Mossoró e que há tempos são conhecidos pelos nomes de Grossos, Boi Morto, Baixa Grande, Ilha do Vieira, Góis, Jurema e Ilha do Algodão.

Por mais de dez anos os holandeses exploraram essas salinas. E para proteger a região, construíram um fortim a margem do rio, que ficou conhecido por Forte de Paneminha. Mas por volta de 1644, durante a Rebelião Tapuia, o Forte foi atacado e trucidado todos os seus defensores, inclusive do Comandante Gedeon Morris.

Segundo a tradição, até o fim do século XVIII para o começo do século XIX, na ilha do Paneminha, local denominado chiqueiro das Cabras, perto do mar, eram vistos alicerces de pedra e cal em forma de um quadro, os quais há muitos anos foram soterrados. Moradores antigos da região afirmavam a existência de alicerces do forte construído pelos holandeses na confrontação ao lugar de uma casa que ali construiu o velho prático-mor da barra, André Cursino de Medeiros.

Registra Deífilo  Gurgel que “com a Independência, as autoridades da pátria nascente construíram um presídio, possivelmente no mesmo local onde existiu o rancho dos pescadores, misto de quartel e de fortim, com largas muralhas de pedra de um metro de espessura, na fachada principal uma placa em bronze, na qual se lia em alto relevo: IMPÉRIO DO BRAZIL. Não teve destaque algum o arruinado presídio, ao que sabemos completamente ignorado pelos historiadores do Rio Grande do Norte! Destinava-se a zelar pela segurança do porto, tanto que ostentava algumas peças e reduzido estoque de munição. Abandonado, serviu de albergue aos famélicos sertanejos, nas secas prolongadas; serviu de hospital durante as epidemias de “Cólera Morbus”, bexigas e febres malignas e foi hospício, já completamente deteriorado, onde, acorrentados, faleceram os infelizes loucos da vila marítima de Mossoró. Depois, as autoridades acharam que ainda era insuficiente a humilhação da construção imponente e venderam-lhe o material e o terreno, para instalação de uma companhia inglesa de navegação. Dele ficou uma apagada lembrança que não possibilita exata impressão do seu feitio e porte ditos colossais. “

Recentemente um grupo de estudiosos local tenta identificar a exata localização do antigo Forte de Paneminha, construído pelos holandeses, e procuram descrição mais exatas de como era a sua estrutura. Sabemos, no entanto, que esse não foi o único Forte construído pelos holandeses em nossas praias. Luís da Câmara Cascudo, em seu livro “Os Holandeses no Rio Grande do Norte – Departamento de Educação – 1949”, apresenta um capítulo com o título de “Os Misteriosos Fortins Holandeses”, onde registra a localização de outros Forte. Segundo um depoimento colhido pelo autor, “numa das encostas da colina que está à direita da Praça Augusto Severo, em Natal, os holandeses tinham construído um baluarte com canhões. “ Em outro trecho registra: “Nas praias há uma reminiscência teimosa de fortificações holandesas, especialmente ao sul de Ponta Negra até a Barra do Camurupim, onde o engenheiro Otávio Tavares identificou um possível Fortim iniciado por mãos batavas, talvez em 1646, quando a guerra ia levantando chamas altas. “

São essas as poucas informações que temos sobre a existência desses fortins dos holandeses em nossas praias. Na próxima semana voltamos com mais informações para a História de Areia Branca.

 

Geraldo Maia do Nascimento

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