Para a História de Areia Branca “As Febres” Parte 4 – por Geraldo Maia do Nascimento

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Para a História de Areia Branca

“As Febres”

Parte 4

Continuamos falando da onda de febre que assolou Areia Branca em 1906, quase exterminando a sua população.

Jornal “O Comercio de Mossoró” em sua edição de 15 de julho de 1906, informava que os casos estavam rareando, o que era uma boa notícia:

“Em Areia Branca tem rareado os casos de febre, ou porque tenha passado o período agudíssimo da moléstia reinante e tenha esta entrado em completo declínio, ou porque, tendo diminuído extraordinariamente a população daquela Villa, que ficou quase deserta, tendo essa circunstância influído para amenizar a epidemia. Em todo caso as famílias estão receosas de voltarem para aquela Villa, onde se fazem necessárias rigorosas medidas de higiene. É preciso incinerar o lixo que existe em monturos pelos fundos dos quintais, aterrar os pântanos e destruir todas as causas de infecção que deram motivo a moléstia.

Enquanto não forem postas em prática medidas de asseio e limpeza pública, que assegurem a salubridade local, torna-se perigoso o regresso para o foco miasmático.

Se o município não dispõe de meios para fazer a limpeza pública, recorra ao Estado. O que não pode continuar é o estado de intranquilidade, desassossego e incômodo de tantas famílias, afastadas de seus lares, preteridas dos seus negócios, prejudicadas pelos revezes e contrariedade que estão sofrendo.

Urge providências para que cesse o mais breve possível a anormalidade dessa situação. “

Mas nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas, dizia Charles Chaplim. O jornal “O Mossoroense” em sua edição de 04 de agosto, amenizava o clima trágico do mal que assolava em Areia Branca. Informava:

“Por informações diretas, que nos foram hoje ministradas pelo nosso ilustre amigo Dr. Almeida Castro, digno clínico que ora superintende os negócios de higiene e saúde pública naquele município, podemos com segurança e verdade informar aos nossos leitores que existem atualmente naquela Vila, suspeitos atacamentos seis doentes de pirexia reinante, todos eles em condições lisonjeiras.

Os demais acham-se em franca convalescência.

Nenhum caso novo tem ocorrido nestes seis últimos dias.

Tudo isso nos anima a julgar a epidemia em declínio, e a esperar dentro em breve a sua completa extinção, pois continuam a ser ali rigorosamente observadas as medidas de higiene e saneamento em ordem a conjurar o mal.

Essa Cidade continua nas melhores condições de salubridade, não tendo ainda entre sua população, aliás, aumentada ultimamente por um certo número de famílias de Areia Branca que aqui permanecem, se manifestado caso algum do morbus infeccioso que ali tem reinado.

É isto o que há de real sobre as febres de Areia Branca. “

Com essa notícia houve uma pausa na retirada da população já muito reduzida daquela Vila. Passaram também a cuidar mais da limpeza pública da localidade e de tamponar uma gamboa, cujas águas circundavam um cemitério, sendo essa a causa apontada como responsável pela epidemia ali reinante. As autoridades estavam aguardando a presença de um médico bacteriologista, do Rio de Janeiro, que estava vindo examinar o sangue dos doentes e verificar se existia ou não micróbio da febre levantina. Apesar do grande número de moradores de Areia Branca que tinham migrado para Mossoró, esta continuava sem a doença.

O jornal “comércio de Mossoró”, em sua edição de 23 de setembro, tranquilizava a população com a notícia do término da epidemia que vinha grassando em Areia Branca com graves e desastrosas consequências ao seu desenvolvimento, dizendo:

“As Febres de Areia Branca

Temos a satisfação de anunciar aos nossos leitores a extinção da epidemia que reinava em Areia Branca.

Há dias que não oferecia interesse nem se preocupa ninguém com esse assunto que por isso mesmo deixamos descurado nos dois últimos números desta folha.

Não havendo casos novos há um mês e tendo tido alta os doentes antigos, os médicos resolveram considerar limpo o Porto de Areia Branca e extinto o mal que devastou aquela Vila. “

Com o fim da epidemia que havia devastado a cidade, a população começou a voltar, uma a uma. Regressaram, trazendo no rosto o sofrimento pela perda dos parentes e amigos. Não foi festivo o repovoamento da Vila. As casas reabriram-se e encheram-se dos antigos moradores, mas parecia que o sol já não penetra nelas com o benefício e o brilho de outrora. Muitas das casas continuaram fechadas, porque seus moradores haviam morridos; outras porque os moradores não voltaram mais.

Foram meses de sofrimento por parte da população daquela Vila, que foram vendo seus parentes e amigos morrerem praticamente do dia para a noite, e do esvaziamento da cidade. Mas finalmente o pesadelo havia passado e o povo, o que restou da população, pode voltar aos seus lares.

 

Geraldo Maia do Nascimento

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