OPINIÃO: “MINISTÉRIO DE LULA É PT E NÃO “FRENTE AMPLA”

 

Ney Lopes

Está praticamente concluída a formação do ministério do novo governo.

Não foi uma tarefa fácil, considerando as pressões do núcleo duro do PT, no sentido do presidente Lula não ceder em relação a cargos considerados “chaves” na estratégia do Partido.

O resumo da ópera é que o ministério escolhido não tem perfil de “frente ampla”, como defende o presidente eleito.

Existem profundas diferenças entre alguns dos escolhidos

A verdade é que o comando ministerial será “PT da gema”, sob a “vigilância” (!)  permanente da deputada Gleisi Hoffmann, com apoio da primeira dama.

Na área econômica, que é fundamental, há dois corpos estranhos, quanto a afinidade com Haddad, o titular da Fazenda.

São eles o vice-presidente Alckmin e a ex-senadora Simone Tebet.

Ao longo do tempo existiram diferenças de posições a respeito de temas como Previdência, privatizações, gasto público e papel do Estado.

Sabe-se que embora competente, o estilo da senadora Tebet não é de recuar fácil.

Vejam-se a disputa dela no passado em ocasiões como a busca do comando da Mesa do Senado, nas gestões Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco.

Um ponto politicamente delicado é que os planos de Haddad e Tebet convergem em relação a 2026.

Ambos pretendem disputar a presidência da República, por mais que neguem.

Qualquer descompasso entre os dois refletirá no resto do governo, gerando dificuldades.

A integração de Tebet a equipe econômica surpreendeu o próprio Haddad.

Foi resultado do monopólio defendido por Gleisi Hoffmann, de não ceder espaços vitais a antigos adversários.

A ideia inicial era que Tebet fosse para o ministério do Desenvolvimento Social, onde está o programa do Bolsa Família.

O “núcleo duro” do PT insurgiu-se contra e venceu a parada. Colocou lá o ex-governador do Piauí.

Aliás, na composição do governo percebe-se que onde há dinheiro orçamentário e poder político efetivo está sob o comando do PT.

Vejam-se os órgãos instalados no Palácio do Planalto, Ministérios da Fazenda. Justiça, Itamaraty e outros.

O futuro exigirá muito desprendimento e espírito público para Lula reger essa orquestra de estilos diferentes, que terá de mostrar-se coesa e harmoniosa para preservar a governabilidade.

O desafio começará domingo, 1, e deseja-se que o Brasil caminhe para período de estabilidade política e administrativa.

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