OPINIÃO: “LULA COMETE OS ERROS DE BOLSONARO”

 

Ney Lopes

Começa uma semana, com presságios nebulosos para o país.

Até bem pouco tempo, a inquietação nacional eram as frases fora do contexto do então presidente Bolsonaro.

Uma mobilização nacional levou a mudança no comando do governo.

Todavia, o sucesso foi por margem pequeníssima de votos, indicando aos vitoriosos que teriam de agir com cautela, bom senso, espírito de conciliação.

Tal não aconteceu. Deslumbraram-se com o êxito nas urnas.

Estão agindo, com “muita sede ao pote”.

O presidente Lula, inegavelmente político experiente, não assume a postura de líder reformador e avançado.

Está fazendo o que o seu antecessor fez o tempo todo.

Pratica erros, que sempre denunciou.

Usa o mandato para acusar impiedosamente adversários, até em viagens ao exterior.

Influencia os seus ministros e auxiliares para buscarem escândalos no governo Bolsonaro, cuja repressão, se existentes, caberia ao MP, PF e a justiça.

O Ministério da Justiça está próximo de transformar-se em delegacia de polícia.

Veja-se, por exemplo, o critério usado para formar a maioria parlamentar do governo.

Nada mais, nada menos, do que distribuir ministérios e polpudas verbas orçamentárias.

Pode-se indagar: e como Lula deveria agir?

Não há solução mágica, mas há palpite apoiado na experiência política.

Tudo começaria por uma proposta de mudança na aprovação do Orçamento, transformando-o em instrumento que impulsione as grandes obras nacionais.

Exemplo: o orçamento se dividiria em projetos localizados em áreas carentes, estado por estado, que necessitassem de recursos (saúde, educação, segurança, distribuição de renda etc.).

Seriam estimulados consórcios entre municípios, experiência vitoriosa em muitos países, onde as cidades se unem para dar solução, por exemplo, a construção de um hospital regional; centro de pesquisas etc.

As áreas carentes e projetos seriam previamente definidos pelo Ministério do Planejamento, em cooperação com o Congresso Nacional.

Caberia ao parlamentar propor a verba e anunciá-la como realização do seu mandato, o que é normal.

Evitaria a dispersão e a “negociata” de recursos.

Atualmente, prevalece a troca de votos por emendas de milhões de reais, muitas vezes sem projeto definido no município.

No final são construídas escolas ou postos de saúde, que fecham logo em seguida, por falta de manutenção.

Outra alternativa seria o apoio parlamentar negociado por bancadas e nunca através de parlamentares individualmente.

São exemplos a França, Alemanha e outros países.

Nessas negociações seriam detalhadas as reivindicações políticas, inclusive participação de indicados em postos do governo, o que é absolutamente aceitável.

No caso específico do governo de Luís Inácio Lula da Silva será fundamental o convencimento prévio, de que a vitória eleitoral não foi do PT, mas de uma coligação, com tendências políticas diversas.

O que se vê atualmente é a discordância, a pressão, a insinuação, partindo de petistas, contra ministérios ou funções preenchidas por outras siglas, antes adversárias.

O ministro da Fazenda, que inspira confiança, anda em “cima de ovos”, por enxergar soluções econômicas, que não são aquelas da cartilha petista ortodoxa.

O vice-presidente dá até sinais de nervosismo, revelando o temor de ser “queimado” por aqueles que vetaram o seu nome no PT, antes da eleição.

Anda “em cima de ovos”.

A base parlamentar de origem petista, continuando com esses sinais de comportamento, tornará impossível a coordenação política do governo.

Se Lula assumir essa coordenação, terá dificuldades, salvo se tiver a coragem – que não está tendo – de contrariar correligionários para alcançar a governabilidade.

As previsões são de mal a pior, caso persistam as arestas do tipo Gleisi Helena Hoffmann (presidente do Partido) e as forças políticas contrárias, mas integrantes da coligação vitoriosa.

O ministro Alexandre Padilha não pode ser responsabilizado, por esse clima de insegurança política. Faz o que pode.

Se as coisas não mudarem, coordenar politicamente o governo será tarefa tão impossível, quanto misturar “azeite e água”.

 

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