Olaf Scholz toma posse e encerra era Merkel na Alemanha

Político de 63 anos já foi prefeito de Hamburgo e era ministro das Finanças no governo de Angela Merkel, que deixa oficialmente o cargo após 16 anos

O político de centro-esquerda Olaf Scholz tomou posse, nesta quarta-feira (8), e enfim assumiu o cargo de chanceler da Alemanha, encerrando os 16 anos de governo Angela Merkel à frente da maior economia da Europa.

Scholz, líder do Partido Social Democrata (SPD), venceu a votação secreta no parlamento alemão como já era esperado – uma culminação de meses de negociações entre partidos após a vitória apertada do SPD nas eleições federais de setembro.

O resultado final foi de 395 votos favoráveis, 303 contrários, 6 abstenções e 3 votos nulos. Para ser eleito, era necessária a maioria simples do parlamento alemão, de 369 votos.

Seguindo os protocolos cerimoniais, Scholz foi visitar o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, que o apontou oficialmente como o novo chanceler do país. Ele então retornou ao Parlamento para fazer seu juramento e ser empossado.

A expectativa é de que o novo chanceler se encontre com Angela Merkel por volta das 11 horas, no horário de Brasília, para uma cerimônia simbólica de “passagem de bastão”.

Na vida política, Scholz tem se posicionado como um pragmático adepto ao diálogo – seu estilo político não é diferente do de Merkel. Os dois podem ser considerados semelhantes em muitos aspectos, apesar de virem de partidos rivais, analisam especialistas.

“Ele parece calmo, medido, firme”, disse Corinna Hoerst, pesquisadora sênior do Fundo Alemão Marshall dos Estados Unidos (GMF) em Bruxelas.

Scholz e Gerhard Schroder, chanceler alemão de 1998 a 2005, são do mesmo partido. O pragmatismo político pode ser uma semelhança entre os dois governos. Como chanceler, Schroder apresentou a chamada “Agenda 2010”, uma série de reformas que foi considerada um passo importante para o ambiente de negócios alemão.

No último dia 24, Scholz disse que o governo alemão quer ajudar a criar uma Europa “forte e soberana”. Entre as negociações de seu governo há a transição para uma matriz energética mais limpa. Os partidos que formam a coalização concordaram em eliminar progressivamente o uso de carvão até 2030 e o chegar ao fim da geração de energia a partir do gás até 2040.

Trajetória política

Em uma fala a repórteres, Scholz revelou algumas das prioridades do seu governo de coalizão. “Queremos ser ousados ​​no que diz respeito ao clima e à indústria”, afirmou.

De perfil moderado, Scholz pode ser considerado um estranho dentro de seu partido – ainda não há sinalização sobre quais serão os nomes que serão mais próximos dele durante o governo.

“A liderança do SPD é principalmente de esquerda e, inicialmente, não o apoiava. Portanto, não sabemos ainda quem ele vai reunir em torno dele e quem vai influenciar seu estilo de liderança”, diz Hoerst.

Outra característica que aproxima Scholz e Merkel é a preferência pelo centrismo. “Ela sempre governou do centro e acho que ele também tentará fazer isso, mas também dependerá, é claro, do que os partidos da coalizão exigirem”, disse o vice-diretor do escritório da GMF em Berlim, Sudha David-Wilp à CNN.

Aos 63 anos, Scholz é membro vitalício do SPD e nasceu na antiga Alemanha Ocidental – Merkel nasceu na Alemanha Oriental. Durante o primeiro governo de coalização de Merkel, Scholz ocupou o cargo de ministro do Trabalho e Assuntos Sociais.

Em 2011, ele foi eleito prefeito de Hamburgo – cargo que exerceu com alto índice de aprovação até 2018. Depois de deixar a prefeitura da cidade, Scholz tornou-se o vice-chanceler da Alemanha e braço direito de Merkel ao longo dos últimos anos e também no enfrentamento da pandemia.

Foi Scholz quem supervisionou programas de compensação financeira da Alemanha para empresas, funcionários e para aqueles que perderam renda porque tiveram que ficar em quarentena.

Mas o homem que substituirá Merkel também teve sua cota de problemas políticas ao longo da carreia – e não é um nome popular no exterior como a chanceler. Como prefeito de Hamburgo, ele foi criticado por ter lidado mal com os protestos violentos que ocorreram durante uma reunião do G20 em sua cidade em 2017.

Hamburgo teve centenas de policiais ficaram feridos em confrontos com os manifestantes. À época, Scholz minimizou o risco potencial das manifestações e, portanto, foi culpado pela falta de preparo da cidade.

Com a coalizão firmada nesta quarta e com o histórico político de Scholz, poucos esperam uma mudança radical no topo da política alemã. “Será uma mudança porque não haverá mais Merkel. Duvido que seja grande”, disse Hoerst.

* Com informações de Rob Picheta, Frederik Pleitgen, Sugam Pokharel, Jennifer Deaton e Helen Regan, da CNN

Por Ivana Kottasováda CNN

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