O homem do chocalho – Wilson Bezerra de Moura

Velhos e bondosos tempos aqueles do carnaval nas ruas e rlubes de Mossoró. ACDP – Associação Cultural e Desportiva Potiguar, e ACEU – Associação Cultural Estudantil Universitária, antes Clube Ipiranga, animaram bastante o período do Rei Momo em décadas passadas. Hoje quem conheceu aquela fase se cobre de saudades e boas recordações.

Durante as tardes, recordamos bem o corso de carros desfilando pelas avenidas, devidamente ornamentadas e ocupadas pelos foliões, cada qual com sua fantasia, de chamar a atenção, cada qual querendo se apresentar melhor para competir com outras, por sua vez mais bonitas.

À noite os clubes de sua preferência, no centro da cidade, ACDP, Ipiranga, mais distante no tempo, e a ACEU, já mais perto dos dias atuais, enquanto nos bairros, na conformidade do clube de sua preferência, até o dia amanhecer a festa corria com o entusiasmo dos participantes. Tudo transcorria na mais perfeita paz e tranquilidade, uma só violência não ocorria. Que bons tempos! Era o mundo ideal que se foi e não volta mais, nunca mais, porque o bom dura pouco, e o infortúnio tomou conta dos novos tempos.

Uma figura que marcou época carnavalesca no meio mossoroense foi o Homem do Chocalho. Seu nome verdadeiro João Batista de Amorim, conhecido na sociedade como Duíte, na vida profissional Ferroviário, servidor da antiga Estrada de Ferro de Mossoró-Souza, juiz de futebol. Nesta tarefa homem justo na arbitragem futebolística, respeitado pelos torcedores.

Na década de cinquenta Duíte saía pelas ruas com um triângulo de ferro tocando e sambando por todas as vielas, depois passou a usar o chocalho atrelado em seu cinturão, cuja peça lhe foi doada pelo comerciante Agostinho Filgueira, cujo instrumento ajustado em suja traseira fazia o som ao ritmo de Samba. Duíte saía às ruas com seu bloco de 41 filhos, pulando, aninando, trazendo alegria aos filhos, familiares e aos populares da festa do Zé Pereira.

O João Batista de Amorim, ou o Homem do Chocalho, deixou, sem dúvidas, sua participação no festejo momesco, como parte de uma história que marcou época nos mossoroenses.