O debate da BAND: quem ganhou

 

Ney Lopes

O debate de ontem, 28, da BAND deu tons diferentes à disputa presidencial.

Surgiram na cena política como candidatas a líderes da oposição a Bolsonaro, as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União), aliás a primeira ex-professora da segunda parlamentar.

As duas se destacaram ao enfrentarem o tema da polarização e foram duríssimas com o atual e o ex presidente da República.

Lula no conjunto não mostrou bom desempenho e fez com que o sonho de vitória no primeiro turno fique mais distante.

O presidente teve um único objetivo ao aceitar o convite da BAND: provocar Lula com ataques de corrupção, na tentativa de repetir a mesma estratégia de 2018 quando lançou o “nós contra eles” e deu resultado, embora com grande ajuda da “facada”, que criou o clima emocional no pleito.

Bolsonaro chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ex-presidiário”, no último bloco do debate.

“Que moral tu tem para falar de mim, ôh ex-presidiário? Tá? Nenhuma moral”, disse Bolsonaro.

Lula nas considerações finais respondeu, dizendo que foi preso para que seu adversário se elegesse presidente da República.

Absolutamente infeliz foi a resposta do presidente a jornalista Vera Magalhães, que lhe indagou sobre a eficácia das vacinas contra covid, e ter negado o imunizante.

Seria uma oportunidade de esclarecimentos do governo.

Bolsonaro partiu para o ataque “chulo” a sua indagante.

Demonstrou machismo, misoginia e espantou o eleitorado feminino.

Ciro Gomes foi o único a defender propostas com clareza, mas revelou agressividade ao atacar Lula, dizendo que a devastadora crise econômica foi herança do petismo.

O pedetista não deixou por menos, ao declarar que o atual presidente é uma pessoa sem coração, que “corrompeu todas as suas mulheres e os filhos”.

Luiz Felipe d’Avila passou “batido”, embora revele bom preparo intelectual. Falta-lhe experiência política.

A análise mais específica mostra que no início o presidente começou até bem, mas descontrolou-sao atacar a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet.

Com Lula nervoso e Bolsonaro descontrolado, abriu espaço para Simone Tebet brilhar no debate, o que lhe valeu na pesquisa qualitativa da Datafolha a condição de ter tido a melhor participação.

Ciro insistiu no voto útil.

Em síntese, o ex-presidente Lula reassumiu a postura de 2002, na linha “paz e amor”.

Bolsonaro agrediu e foi agredido, procurando sempre falar do passado e omitindo o futuro.

Soraya também não foi mal, mas mostrou indecisão em alguns momentos.

Simone Tebet foi a melhor, seguida de Ciro Gomes, também com bom desempenho.

Ambos surpreenderam positivamente, enquanto os polarizados surpreenderam negativamente.

Talvez, embora haja pouco tempo, tenha se aberto um clarão para a terceira via.

Quem sabe?

Faltou o mais importante, que a nação espera: propostas, que foram substituídas por radicalismo e polarização.

A BAND merece elogios, pois contribuiu para maior conscientização popular das eleições de outubro.

Aguardemos os próximos capítulos.

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