O Coliseu de Roma foi construído em oito anos, entre 72 e 80 d.C

BBC News Mundo

Belos e imponentes, os anfiteatros romanos são uma façanha da arquitetura.

Seu projeto é simples, mas revolucionário. E sua execução é tão extraordinária que eles continuam servindo de modelo para a construção de estádios até hoje.

E as arenas eram muito mais do que um campo de extermínio embebido em sangue. Seu significado simbólico, religioso e político ia muito além de um mero cenário de entretenimento.

Vespasiano foi o primeiro imperador romano que não contava com a legitimidade de ser descendente de Augusto. Por isso, ele precisava de uma obra que consolidasse o seu governo e a estabilidade da sucessão.

Assim surgiu o Anfiteatro Flávio, mais conhecido como o Coliseu de Roma. Não foi o primeiro, mas sua capacidade para 80 mil espectadores fez com que se tornasse o maior e mais imponente anfiteatro de pedra da Roma Antiga.

O Coliseu tornou-se imediatamente um símbolo do que era ser cidadão romano. Era onde o governante demonstrava o seu poder ao povo e o povo romano podia sentir seu próprio poder e a glória do império.

O Coliseu de Roma também refletia a sociedade romana. Seus assentos eram dispostos hierarquicamente. Os ricos e poderosos ficavam nos assentos dianteiros inferiores e as massas, separadas por classes, nos degraus superiores.

A ordem imposta na arena, o controle do organizador dos jogos e a ritualização de um processo caótico e sangrento simbolizavam a ordem imposta à sociedade pelo sistema imperial.

Imagem do Coliseu de Roma em sua construção original. Abaixo, representações de combates entre gladiadores (os ‘munera’), de gladiadores com animais (veações) e entre embarcações marítimas (as naumaquias)

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Imagem do Coliseu de Roma em sua construção original. Abaixo, representações de combates entre gladiadores (os ‘munera’), de gladiadores com animais (veações) e entre embarcações marítimas (as naumaquias).

Fora de Roma, as elites provincianas, na península italiana e fora dela, ficaram ansiosas para demonstrar seu alinhamento e lealdade com o mundo romano. Para isso, elas construíram outros anfiteatros e organizaram jogos.

E, quando estavam localizadas em contexto urbano, as arenas quase sempre ficavam na periferia da cidade.

Como em muitos aspectos dos jogos e anfiteatros, este era um ato simbólico. O anfiteatro ficava na fronteira em vários sentidos, demarcando o limite entre a vida e a morte, o perigo e a segurança, a ordem e o caos.

Como escreveu o historiador Thomas Wiedemann no seu livro Emperors and Gladiators (“Imperadores e gladiadores”, em tradução livre), o anfiteatro “era visivelmente o lugar onde a civilização e a barbárie se encontravam”.

Os anfiteatros se estenderam por todo o território do império romano. Existem ainda hoje mais de 200 deles espalhados pelos antigos domínios de Roma. Alguns deixaram apenas um pequeno rastro, mas outros preservam sua gloriosa presença, alguns ainda servindo de cenários para o divino e o profano.

Estes são os nove coliseus mais bem preservados fora de Roma.

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