Nutricionista explica qual a forma mais saudável de substituir o açúcar na alimentação

Brigadeiro, quindim, pudim de leite…o cardápio do brasileiro é recheado de tentações dignas de um manjar dos deuses. Com tantas delícias, encarar a dieta muitas vezes é um sacrifício. Tamanha “doçura” preocupa muito além da boa forma: entidades de saúde alertam que o alto consumo de sacarose pela população é um fator de risco para complicações como hipertensão, alterações metabólicas e, sobretudo, o diabetes.

Logo, reduzir o consumo não é apenas uma questão estética: é um fator de prevenção de diversas doenças. Porém, no dia-a-dia, algumas dúvidas podem surgir quanto a forma mais adequada e mais saudável de substituir o açúcar refinado. Fatores como restrições alimentares, condições de saúde e até mesmo o paladar podem implicar diretamente na escolha.

De acordo com a nutricionista Sinara Menezes, da Nature Center, salvo em casos de diabetes e outras situações de saúde, onde o consumo é realmente restrito, não é necessário excluir totalmente o açúcar da dieta. Além de ser uma tarefa praticamente impossível, deve-se considerar que não nos alimentamos somente para nutrir o corpo, as refeições também devem ser prazerosas.

“A palavra de ordem é moderação, algo que os brasileiros não estão praticando: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estamos consumindo 50% mais açúcar do que o considerado seguro pela instituição (50g/dia). Diminuir seu consumo seja pela questão estética ou por saúde, só trará benefícios ao organismo: além de contribuir para o emagrecimento, o consumo moderado diminui o risco do diabetes e outros males relacionados à obesidade”, afirma.

Alternativas para o açúcar refinado:

Existem outras qualidades mais saudáveis de açúcar que fogem da categoria “caloria vazia”. Ainda assim, a nutricionista alerta que, salvo o pouco conhecido “açúcar de coco”, todos possuem alto índice glicêmico, logo, também devem ser consumidos com moderação:

  • Açúcar mascavo: como primeiro subproduto extraído da cana, esta qualidade conserva alguns nutrientes da planta como o cálcio, ferro, potássio e demais sais minerais. Por sofrer menos processos químicos, sua coloração é mais escura, sua textura mais arenosa e seu sabor semelhante ao da cana de açúcar.
  • Açúcar demerara: este açúcar passa por um leve processo de refinamento, porém sem aditivos químicos. Por isso, preserva parte do valor nutricional da cana e, ao mesmo tempo, possui textura um pouco mais refinada e clara em comparação ao mascavo.
  • Açúcar orgânico: por não sofrer nenhum tipo de aditivo químico desde o plantio à industrialização, esta qualidade também é nutritiva e possui poder adoçante próximo ao do açúcar refinado. Porém, devido sua característica artesanal, possui valor mais elevado em comparação com os demais.
  • Açúcar de coco: este tipo de açúcar ainda é pouco conhecido, porém, é uma boa aposta por possuir baixo índice glicêmico. Feito à base de coco, possui sabor residual do fruto e menor potencial adoçante em relação aos demais.

Adoçante é uma boa aposta?

Ainda que muitas pessoas acreditem fazer uma boa troca ao substituir o açúcar pelo adoçante, principalmente durante a dieta, a medida não é tão saudável quanto se imagina. A questão é realmente polêmica, porém, quando se trata de saúde, a nutricionista aponta que a medida mais inteligente é apostar na alimentação mais natural possível, evitando produtos industrializados como o adoçante.

“Pessoas saudáveis e que não necessitam de dietas especiais, não precisam fazer o uso de adoçantes. Sua ingestão só é necessária para pacientes que precisam restringir o açúcar da alimentação como o caso do Diabetes. Basta mudar os hábitos alimentares, comendo produtos in natura, como sucos de frutas. Mudar este hábito pode demandar tempo e dedicação, porém é a escolha mais saudável”, ressalta Sinara Menezes.

A profissional destaca que, mesmo o stevia, adoçante a base da planta, ou o açúcar light, que possui em sua composição 50% de adoçante, devem ser utilizados somente por quem tem restrição total ao consumo de açúcar. Ainda que esses produtos sejam amplamente comercializados e consumidos, ela aponta que os riscos envolvidos na ingestão a longo prazo de qualquer produto químico deve ser considerado.

Dicas para reduzir a ingestão de açúcar

  • Reeduque seu paladar: Nosso paladar é capaz de se adaptar as mudanças do cardápio: “Não é preciso mudar bruscamente. Para que se torne um hábito, o ideal é reduzir gradativamente a ingestão do açúcar refinado ou substituí-lo por opções mais saudáveis até que o paladar se acostume.” – aconselha Sinara;
  • Descubra outras formas de adoçar: O uso de frutas maduras como a banana e a maçã também são alternativas. Outra dica é apostar em condimentos naturais, ervas e especiarias para realçar o sabor dos alimentos;
  • Fuja dos industrializados: alimentos como pães, refrigerantes, chás e sucos prontos possuem alta concentração de açúcar. E isso não se limita aos produtos de sabor doce: molhos de tomate, catchups e diversos temperos industrializados são ricos do ingrediente. Por isso a próxima dica também é indispensável:
  • Leia o rótulo dos alimentos: a indústria alimentícia muitas vezes usa nomenclaturas variadas para que o açúcar passe despercebido, sendo que muitas vezes mais de um tipo é utilizado. Fique atento à ingredientes como: Maltodextrina, maltose, dextrose, xaropes, glucoses, lactose, melados e néctares. E a nutricionista enfatiza “açúcar invertido também é açúcar”.
  • Aposte no cromo: o picolinato de cromo é um mineral presente em diversos alimentos como o brócolis, a banana e o feijão. Estudos indicam que a substância é capaz de tornar a produção da insulina mais eficaz, sendo que sua suplementação em pacientes com diabetes tem sido amplamente pesquisada. Além disso, o cromo aumenta a saciedade e reduz a compulsão por doces, beneficiando a dieta.
  • Relaxe: atividades que promovem o bem estar estimulam a liberação da serotonina e, ao mesmo tempo, combatem a ação do cortisol – hormônio do stress. Esse vilão está ligado ao sentimento de depressão que aumenta a tentação por doces. Praticar exercícios físicos é uma ótima forma de estimular a serotonina e controlar o nível do cortisol;
  • Seja moderado: Não adianta substituir o refinado por outro “mais saudável” e usar o dobro na hora de adoçar. Lembre-se, qualquer açúcar possui alto índice glicêmico e quando em excesso, pode acarretar em ganho de peso e problemas de saúde Se você não consegue se adaptar ao outros, apenas reduza a ingestão do açúcar branco;
  • Tenha uma alimentação equilibrada: Alimentar-se de 3 em 3 horas e fazer refeições balanceadas mantem o organismo saciado e nutrido. Muitas vezes, a carência nutricional pode estar relacionada a compulsão por açúcar. Por isso, esteja sempre atento aos sinais do corpo e consulte um nutricionista para assegurar uma dieta rica e adequada ao seu perfil.