Novo Ensino Médio: como é e como pode ficar

 

Novo Ensino Médio: como é e como pode ficar

Texto aprovado pela Câmara prevê nova distribuição da carga horária e define disciplinas obrigatórias para toda a etapa escolar. Entidades avaliam ponto a ponto as principais mudanças.

Por Luiza Tenente, Emily Santos, g1

 

21/03/2024 11h34 Atualizado há 3 minutos

 

Estudantes em sala de aula — Foto: Erich Macias/Seed do Amapá

Estudantes em sala de aula — Foto: Erich Macias/Seed do Amapá

 

 

O projeto aprovado nesta quarta-feira (20), na Câmara dos Deputados, para mudar o Novo Ensino Médio prevê:

 

um aumento da carga horária das disciplinas obrigatórias, como português e matemática, e um “encolhimento” da parte optativa do currículo;

uma definição mais específica do que pode ser ofertado como “itinerário formativo” (aquelas disciplinas que o aluno escolhe cursar);

uma flexibilidade maior nos cursos técnicos, para que, somente no caso deles, as disciplinas eletivas possam ocupar uma fatia maior da carga horária (entenda, em detalhes, mais abaixo).

A proposta ainda precisará ser votada pelo Senado, que poderá fazer alterações no texto. Ainda não há data marcada para essa etapa.

Em vigor em todas as escolas públicas e privadas do país desde 2022, o Novo Ensino Médio tem sido alvo de críticas desde que foi implantado. Por essa razão, o governo federal enviou, em outubro de 2023, um projeto de lei para o Congresso para ajustar alguns pontos.

 

Abaixo, veja o que está em vigor atualmente, como pode ficar o Novo Ensino Médio, e os prós e contras das mudanças propostas, segundo entidades do setor:

 

⏰ CARGA HORÁRIA

 

Como é hoje:

1.800 horas para disciplinas obrigatórias (previstas na BNCC, a Base Nacional Comum Curricular) + 1.200 horas para optativas (itinerários formativos escolhidos pelo aluno ou curso técnico).

 

O que foi aprovado pela Câmara:

2.400 horas para disciplinas obrigatórias + 600 horas para optativas (itinerários formativos escolhidos pelo aluno).

 

O que dizem entidades do setor:

O aumento da carga horária para as disciplinas obrigatórias é visto como positivo porque é justamente esse conteúdo que costuma ser cobrado em processo seletivos e vestibulares.

 

A avaliação é tanto de entidades, como Todos Pela Educação, quanto de associações estudantis, incluindo a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

 

O Consed, que reúne os secretários estaduais de educação, acredita que a nova divisão da carga horária representa um “compromisso essencial” com a qualidade do ensino e com o aprendizado dos estudantes, sem desconsiderar a importância da formação técnica.

 

📚 DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS

 

Como é hoje:

Apenas português e matemática precisam estar presentes em todos os anos do ciclo, assim como estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.

 

O que foi aprovado pela Câmara:

Disciplinas obrigatórias em todos os anos do ensino médio: linguagens (português e inglês) e artes, educação física, matemática, ciências da natureza (biologia, física e química); ciências humanas (filosofia, geografia, história e sociologia). O ensino de espanhol passa a ser facultativo, e não obrigatório, como o governo queria.

O que dizem entidades do setor:

Outro aspecto avaliado positivamente pelas entidades é a ampliação da lista de disciplinas obrigatórias para todos os anos, já que, na versão em vigor da etapa, apenas português e matemática seriam oferecidos em todos os anos.

 

Além disso, a definição mais detalhada de como as áreas do conhecimento são constituídas também é algo a ser comemorado, pois permite às redes trabalhar melhor a interdisciplinaridade nas aulas.

 

As entidades estudantis, no entanto, defendem que o espanhol seja disciplina obrigatória no currículo, já que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) exige que o aluno escolha entre o inglês e o espanhol para ser avaliado na parte de língua estrangeira da prova.

 

O ensino do espanhol é sobretudo sinônimo da integração latino-americana. Mesmo fazendo fronteira com 8 países que têm o espanhol como língua materna, temos [no Brasil] um distanciamento sociocultural dos nossos países-irmãos. O espanhol como 13ª disciplina obrigatória é um estímulo ao ensino da segunda língua nas escolas brasileiras e também uma forma de construir pontes em nosso continente.

— Jade Beatriz, presidente da UBES

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