Maria Carmem: O perigo da exposição às telas

 

Olá, Aprendentes de meu coração

 

Todos aqueles que acompanham um pouco o meu trabalho ou que convivem comigo sabem o quanto defendo o afastamento das telas das crianças e o controle de tempo de uso por nossos adolescentes.

Estudos e pesquisas sempre revelam os danos causados ao nosso cérebro, nosso emocional devido esse exagero de tempo e de espaço dedicado aos suportes digitais. Assim, não poderia deixar de conversar com vocês sobre a Lei Nº 11.674/24, que nos traz a proibição (necessária) do uso dos smartphones durante o horário de aulas nos estabelecimentos de educação de ensino fundamental e médio no Estado do Rio Grande do Norte.

A Lei 11674/24 fundamentou-se no relatório de monitoramento global da educação – 2023/Unesco, que nos traz conclusões alarmantes e preocupantes acerca dos efeitos do uso excessivo do celular no desempenho educacional e na estabilidade emocional de crianças e adolescentes. De acordo com o relatório é urgente a adoção de medidas efetivas que venham a enfrentar essa problemática e para melhor compreender a necessidade dessa proibição, vamos contextualizar com um pouco de história e de relatos científicos.

Em abril de 2023 fez 50 anos que o primeiro celular do mundo, o DynaTAC 8000x – Motorola, foi lançado no mundo. Três décadas depois, já no início do século XXI, foi que os aparelhos começaram a se popularizar e a se conectar à internet, iniciando assim a era do smartphone. E, menos de duas décadas depois, já temos mais celulares do que habitantes no Brasil, de acordo com o Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Fator esse bastante preocupante, pois à medida em que aumentamos os aparelhos, aumentamos também o total de horas por dia dedicadas a eles. Nosso país é o segundo país que passa mais tempo do dia no uso de telas (em especial nas redes sociais) perdendo apenas para a África do Sul, são cerca de 9 horas e 32 minutos, ou seja, 58,2% do tempo médio em que um brasileiro está acordado é dedicado ao uso de telas.

Esse contexto é sério, preocupante e exige providências especialmente quando tomamos por base estudos, pesquisas e avaliações nacionais e/ou internacionais que atestam uma associação negativa entre o uso das telas e o desempenho dos estudantes.

De acordo com a UNESCO não existem evidências suficientes que comprovem os benefícios do uso das tecnologias digitais na educação. O principal alerta é para os efeitos na cognição, atenção e memória, além da autoestima e dependência.

Alguns teóricos usam o termo “drenagem cerebral” ao avaliar o impacto na cognição e afirmam que a simples presença de um smartphone no mesmo local que o indivíduo já traz danos devido aos recursos cognitivos que são dedicados aos aparelhos. E tudo piora com os hábitos atuais de uso dos celulares que acabam impactando negativamente a capacidade dos usuários de pensar, lembrar, prestar atenção e regular as emoções.

Por isso, podemos afirmar, sem medo de errar e com base científica, que o uso excessivo e sem moderação pode afetar e muito o rendimento do aprendizado, desde a diminuição da nossa capacidade de concentração, atenção sustentada, de armazenamento – memória, declínio na capacidade de compreensão e interpretação até o isolamento social, os transtornos psicológicos e as dependências que podem chegar ao quadro grave de doenças como Nomofobia e Hikikomori.

Dessa forma e mediante todo esse contexto a proibição do celular em sala de aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente. Afinal, o espaço escolar é um local de aprendizagem, onde o aluno precisa se esforçar ao máximo para aprender, expandir seus conhecimentos e o celular só vem dificultar a relação ensino-aprendizagem.

Segundo estudos realizados na Inglaterra os alunos que baniram os smartphones melhoraram em até 14% suas notas em exames de avaliação nacional e esse aumento acontece principalmente entre estudantes com conceitos mais baixos. Na faixa etária entre 7 e 11 anos, o banimento ajudou alunos com aproveitamento abaixo de 60% nas provas.

Estudo publicado na revista científica Scientific Reports, cientistas da Universidade de Showa-Japão, compararam o ato de ler por meio de telas ou do papel e descobriram que, “em comparação com a leitura em papel, a leitura em um smartphone provoca menos suspiros, promove hiperatividade cerebral no córtex pré-frontal e resulta em compreensão reduzida”.

Logo, a adoção de medidas que limitem o uso de tecnologia é necessária, urgente e indispensável, além de melhorar o aprendizado também irá proteger as crianças de bullying cibernético e evitar disrupções durante as aulas, haja vista que o uso excessivo e inapropriado de tecnologia nas salas de aula e/ou em casa resultam em impacto negativo no aprendizado.

E para não concluirmos, abraços pedagógicos e até a próxima!

 

Neuroconversa

Por Maria Carmem

Dra da Aprendizagem

@carmem.neuro.psicopedagoga

(84) 996095957

 

 

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