Na ONU, EUA veta proposta brasileira que previa corredor humanitário

Com veto dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou nesta quarta-feira (18) o texto proposto pelo Brasil sobre a guerra entre Hamas e Israel.

 

Atual presidente rotativo do Conselho de Segurança, o Brasil havia elaborado uma resolução que seria a primeira manifestação formal do órgão da ONU diante do novo conflito no Oriente Médio.

Após a votação, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, argumentou que seu país ficou “desapontado” pelo fato de o texto não mencionar o direito de autodefesa de Israel.

 

“Não poderíamos aprovar essa resolução assim. (…) E nossa diplomacia está sendo feita em campo”, disse a embaixadora, em referência à viagem que Joe Biden fez nesta quarta-feira a Israel.

 

O texto brasileiro condenava os ataques terroristas do Hamas e cobrava de Israel – sem mencionar o nome do país – o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.

 

A rejeição dos EUA também veio depois de a Rússia propor mudanças para o texto brasileiro. O embaixador russo na ONU exigiu a inclusão de um pedido de cessar-fogo imediato, o que Washington é contra.

Mas a proposta russa, que seria uma alternativa à proposta do Brasil, foi vetada já no início da semana.

 

A votação do texto elaborado pelo Brasil havia sido adiada duas vezes. Na primeira delas, na segunda-feira (16), os países pediram mais tempo para chegar a um consenso. O Itamaraty chegou a costurar apoio com embaixadores de outros países.

 

A votação foi então remarcada para terça-feira (17), mas o bombardeio a um hospital na Cidade de Gaza, que deixou quase 500 mortos fez o conselho adiá-la novamente.

Mas os EUA votaram contra a proposta. Como o país tem poder de veto (leia mais abaixo), o texto foi integralmente reprovado, e agora uma nova versão será elaborada, ainda sem prazo, segundo o Itamaraty.

 

Doze países, entre eles a China, votaram a favor do texto brasileiro. Foram eles:

 

Brasil;

China;

França

Albânia;

Equador;

Gabão;

Gana;

Japão;

Malta;

Moçambique;

Suíça e

Emirados Árabes Unidos

Dois países – a Rússia e o Reino Unido – se abstiveram, e apenas os Estados Unidos votaram contra.

 

O embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese, criticou o veto dos EUA – há dias, o Itamaraty vinha tentando convencer Washington a apoiar seu texto – e se disse “profundamente triste e decepcionado”

Apesar de a maioria dos países terem votado a favor, a proposta do Brasil acabou rejeitada porque os Estados Unidos são um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, ao lado de China, Reino Unido, França e Rússia.

E, pelas normas do conselho, esses cinco países têm poder de, sozinhos, vetar totalmente uma proposta, independentemente do número de votos favoráveis a ela.

Apesar de os Estados Unidos ter o poder de veto sobre propostas em votação no Conselho de Segurança da ONU, o país terá justificar o veto

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