Morte de crianças por Covid-19 acende alerta sobre carência de UTIs pediátricas no RN

Via Esdras Marchezan — Da Agência HiperLAB/UERN

A morte de duas crianças pela Covid-19 no Rio Grande do Norte acendeu o alerta sobre as condições de suporte nas unidades hospitalares para casos graves da doença em pessoas com idade até 14 anos. Hoje, o estado conta com apenas 5 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica para pacientes com Covid-19. Todos estão em Natal, no Hospital Maria Alice Fernandes. O restante do estado está descoberto em relação a UTIs pediátricas para casos Covid-19.

As mortes aconteceram em Natal, no dia 7 de abril, e no município de Cerro Corá, no dia 12. No primeiro caso, a vítima foi um bebê recém-nascido, com quatro dias de vida. No segundo, uma criança com um ano e quatro meses.

O secretário estadual adjunto de Saúde Pública, Petrônio Spinelli, reconheceu a carência e informou que a ampliação deste tipo de leito já está prevista no Plano de Contingência Estadual.

“Temos 5 leitos no Maria Alice e estamos trabalhando para abrir mais 10. Em Mossoró também há um esforço para passarmos a contar com UTIs pediátricas específicas. Não temos ainda a definição sobre a quantidade”, comentou durante coletiva à imprensa, por videoconferência, na tarde de hoje. Segundo ele, o plano é que, inicialmente, Natal e Mossoró concentrem estes leitos para crianças e adolescentes, dando suporte aos demais municípios.

Dos 376 casos confirmados da doença no estado, 11 são de pacientes com até 9 anos de idade.

Em Mossoró, dos leitos de UTI ampliados no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) não há nenhum de UTI ou UCI pediátrica. No Hospital Wilson Rosado — rede privada — há leitos pediátricos, mas não para casos de pacientes com Covid-19.

Na semana passada, médicos do Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, encaminharam ofício à SESAP/RN preocupados com a situação de atendimento no setor de pediatria do hospital. Entre os problemas, a carência estrutural é um dos pontos. O assunto foi tratado em reportagem do Jornal De Fato.

“Não dispomos no HRTM de salas de isolamento para a alocação das crianças com suspeita ou confirmação de infecção por Covid-19 que venham a ser internadas, o que nos obriga a colocá-las juntamente às outras crianças comprometendo a sua saúde devido à exposição”, cita o documento. No ofício, os profissionais citam a ausência de leitos de UTIs para atendimento de crianças que apresentem suspeita ou tenham caso confirmado da Covid-19.

“Não há no HRTM setor de semi-intensiva, sala de emergência (sala vermelha), nem UTI pediátrica, o que impõe risco de desfecho negativo à vida das crianças que venham a evoluir com piora em seu quadro clínico necessitando de suporte intensivo ou qualquer procedimento de emergência”, afirma o documento, que é assinado pelo coordenador do Pronto Socorro Infantil, Gledson Emanuel de Oliveira Cavalcante, e pela representante dos médicos pediatras que atuam no HRTM, Marina Targino Bezerra Alves.

Dos casos notificados da COVID-19 no Rio Grande do Norte, mais de 200 estão na faixa etária de até 14 anos de idade, conforme o boletim epidemiológico divulgado pela SESAP.

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