Ministro e deputados fazem debate acalorado sobre desmatamento e desenvolvimento na Amazônia

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu nesta quarta-feira (7) um novo modelo econômico para a Amazônia baseado na soberania nacional. Ele também falou de polêmicas sobre desmatamento durante audiência pública conjunta das comissões de Meio Ambiente e de Integração Nacional.

O principal alvo dos deputados foram as recentes mudanças promovidas pelo governo Bolsonaro na gestão do Fundo Amazônia, que reúne cerca de R$ 3,4 bilhões em doações dos governos da Noruega (94%) e da Alemanha (5,7%), além de uma pequena contribuição (0,5%) da Petrobras.
Criado em 2008, o fundo é gerido pelo BNDES para auxiliar as ações contra o desmatamento. Na audiência, Salles disse ter constatado deficiências na prestação de contas e na análise de resultados em projetos beneficiados com esses recursos. O ministro anunciou o novo “alinhamento” do fundo aos recursos públicos aplicados na Amazônia.

“Ele (o fundo) só deve ser analisado e aplicado à luz do que interessa ao Brasil, ainda que tenha origem em doação estrangeira. Porque, se assim não for, não estaríamos falando de doação e sim de colocação condicionada de recursos, que, me parece, não ser o caso. E, se for, talvez seja o caso de refletir que não nos interessaria sofrer ingerências internacionais, até pelo montante tão inexpressivo diante da necessidade de uma região tão grande”.

O ministro do Meio Ambiente voltou a criticar o que chamou de “manipulação de ONGs e pseudocientistas” quanto ao aumento do desmatamento na Amazônia em torno em 278% em julho. Salles negou que o Brasil queira esconder dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mas destacou que as medições mensais devem se ater a imagens de alta resolução com precisão de três metros e tempo real. Ele chegou a classificar de “sensacionalista e midiática”, a divulgação de dados oficiais do Inpe.

Ao defender um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, Salles disse que a Noruega, principal doadora do fundo, “caça baleia e explora petróleo no Ártico”.

Salles lembrou que o incentivo a atividades econômicas sustentáveis e à regularização fundiária também fazem parte dos objetivos do Fundo Amazônia. Com críticas às ONGs, o ministro disse que o fundo parecia um “mecanismo de distribuição de recursos” a entidades que constroem “narrativas distantes da realidade amazônica”.

Agência Câmara Notícias