México se prepara para acolher migrantes expulsos por Trump dos Estados Unidos
Desde que Donald Trump assumiu o poder, o México vem tomando medidas para lidar com os anúncios e medidas iniciais do novo chefe da Casa Branca, especialmente na área de migração. O governo mexicano disse que estava pronto para cooperar com a recepção de seus cidadãos deportados dos Estados Unidos. O país já atua como uma segunda fronteira, reduzindo o fluxo de migrantes que se aproximam dos Estados Unidos. Com a posse de Trump, o México também teve que receber solicitantes de asilo que agora estão sendo rejeitados pelo país.
Por RFI
Com informações de Gwendolina Duval, correspondente da RFI no México, e Melissa Barra, de Paris
O novo presidente americano prometeu um plano de deportação em massa, expulsando um milhão de imigrantes por ano. Nos Estados Unidos, mais de 11 milhões de migrantes sem documentos podem ser afetados pela medida. De acordo com a Casa Branca, quatro aviões transportando migrantes deportados já partiram para o México neste fim de semana.
Do lado mexicano, o governo lançou o plano “México abraça você” para receber migrantes em seus seis estados fronteiriços. Nove centros de recepção serão construídos, incluindo um em Chihuahua.
Na cidade fronteiriça de Ciudad Juarez, o município está em processo de criação de um abrigo temporário. Anunciada já há algumas semanas, essa estrutura está localizada em El Punto, bem próximo ao muro de separação entre os dois países e a um dos estádios da cidade.
As autoridades temem que a fronteira mexicana fique rapidamente saturada se houver deportações em massa. O programa “Quedate en Mexico” (“Fique no México”), que já havia sido implementado de 2019 a 2021 e acaba de ser restaurado por Donald Trump, encheu os refúgios na fronteira, forçando os possíveis refugiados a esperar em território mexicano durante o processo de solicitação de asilo nos Estados Unidos.
Migrantes são alvo de gangues mafiosas
A Anistia Internacional do México está preocupada com o destino dos milhares de migrantes retidos ou deslocados na fronteira com os Estados Unidos, pois eles são frequentemente alvo de violência e desaparecimentos forçados. “Infelizmente, o México não é um território seguro, nem para as pessoas que vivem lá, nem para as que transitam por ele”, explica a diretora da instituição, Edith Olivares. “Eles chegam em uma situação muito vulnerável devido ao seu status de indocumentados. Estamos vendo cada vez mais pessoas do Haiti ou da Venezuela entrando sem documentos”, completa.
Segundo ela, esses migrantes são levados por membros de grupos do crime organizado. “Em muitos casos, essas pessoas são forçadas a trabalhar como escravas em várias atividades, inclusive no tráfico de drogas”, explica.
“A maioria dos migrantes que desaparecem nessas circunstâncias não é identificada rapidamente. Se uma mãe está em um país da América Central e seu filho passa pelo México a caminho dos Estados Unidos, ela fica sabendo de seu desaparecimento meses ou anos depois. Quando tomamos decisões como as que o presidente Trump está tomando atualmente, a vida de milhares de pessoas é diretamente ameaçada”, conclui.