Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens; desigualdade maior é na ciência, aponta IBGE

 

Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens; desigualdade maior é na ciência, aponta IBGE

Dados do instituto também mostram que em 2022 a participação feminina no mercado de trabalho ainda não havia recuperado patamar pré-pandemia.

Por Paula Paiva Paulo, g1

 

08/03/2024 10h00 Atualizado há uma hora

 

Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens

 

 

Mais escolarizadas, as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens, e a maior desigualdade está nas profissões intelectuais e científicas. Nessa categoria, as mulheres ganham em média 36,7% menos que os homens.

 

Os dados são referentes a 2022 e fazem parte do estudo Estatísticas de Gênero, divulgado nesta sexta-feira (8) — Dia da Mulher — pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Segundo o estudo, 21,3% das mulheres com 25 anos ou mais têm ensino superior. Entre os homens, o índice é de 16,8%.

 

A formação em áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (CTEM), porém, é bem inferior à dos homens : nesse grupo, 22% dos formandos são mulheres. Esse percentual, há 10 anos, era ligeralmente maior – 23,2%.

 

Já na área de e bem-estar social, como Serviço Social e Enfermagem, a participação feminina sobe para 92%.

 

Estereótipos de gênero podem estar por trás dessa diferença, avalia Barbara Cobo, coordenadora de estudo e pesquisa do IBGE.

 

“Será que o cuidar é a vocação das mulheres ou a gente foi socializada para cuidar?”, questiona.

Pretas ou pardas estão na pior situação

A situação não é igualitária entre as mulheres. Em vários indicadores, a realidade é pior para pretas ou pardas:

As pretas ou pardas estavam mais envolvidas no trabalho doméstico e cuidado com pessoas;

Mulheres pretas ou pardas têm a menor participação na força de trabalho;

Pretas ou pardas exerciam mais o trabalho parcial do que as mulheres brancas;

Pretas ou pardas (14,7%) têm menos acesso ao ensino superior que as brancas (29%).

Mulheres ganham mais onde é mais difícil chegar no topo

Além de ganharem menos em média do que os homens, as mulheres têm menos acesso a cargos de liderança: ocupam 39% desses postos, ante 61% dos homens.

 

E o grupo de atividades que as mulheres mais enfrentam barreiras para chegar no topo é na Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura. Apenas 16% dos cargos gerenciais destas áreas são comandados por mulheres (a média entre todas as áreas é 39%)

A remuneração nesse grupo, por outro lado, é 28% maior que a dos homens.

 

Isso acontece porque, para se inserir em setores com domínio masculino, precisam ser profissionais muito mais qualificadas que os homens – por isso, acabam ganhando mais, explica a coordenadora do estudo e pesquisadora do IBGE, Barbara Cobo.

 

O mesmo fenômeno acontece em profissões do grupo Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e Descontaminação. Nele, as mulheres são apenas 19% dos cargos de liderança, e ganham 9,4% a mais que os homens.

 

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