Mesmo com caso de coronavírus entre servidores, Dória não reduz frota do Metrô de SP

Na semana passada, o Metrô de São Paulo confirmou o primeiro caso de um trabalhador da estatal contaminado pelo coronavírus. Desde então, de acordo com o sindicato que representa os trabalhadores da categoria, outros servidores já apresentaram os sintomas e foram isolados. Preocupados, os sindicalistas pedem medidas para garantir a saúde da categoria.

Wagner Fajardo, coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, alertou para os riscos: “Nas estações e nos vagões, os passageiros e trabalhadores vão continuar mantendo contato e isso pode fazer com que o número de casos aumente”, afirma.

Outro sindicalista, Alex Santana, diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), lembra que a situação em São Paulo se repete em outras cidades do país e, caso não haja o fechamento ou a redução das frotas, os trabalhadores podem aprovar uma greve da categoria.

“Estamos recomendando a redução do fluxo gradualmente, conforme diminuem outros serviços públicos, até que não haja necessidade de operação, além de uma contingência de emergência. No entanto, as providências das autoridades estão sendo lentas. Se não houver planejamento, a paralisação ocorrerá de forma forçada e desordenada, devido às contaminações da categoria”, anuncia.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na última semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu a manutenção da oferta de transporte público. “Nós não podemos ter a interrupção de logística e circulação, nem de ônibus e nem limitação de acesso para aeroportos, portos e estradas. A pressão é grande, mas isso não pode acontecer”, afirmou.

É possível

O sindicalista Wagner Fajardo explica que os metroviários não defendem a paralisação total do sistema do Metrô, mas sim uma redução do serviço. “Medidas devem ser tomadas, até para reduzir a possibilidade de que o transporte público favoreça a contaminação. Já não tem o mesmo volume de passageiros, é possível fechar algumas estações”.

Diante da redução do número de passageiros, provocada pelo estado de calamidade decretado pelo governo estadual na última quinta-feira (19), o urbanista João Sette Whitaker, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), acredita ser possível a redução da oferta de trens do metrô.

“É evidente que uma cidade como São Paulo não pode ter interrompido todo seu sistema de mobilidade, principalmente a pública, porque uma contenção privilegiaria as pessoas que têm carros”, explica Whitaker.

O urbanista defende um plano de contingência que mantenha linhas e estações consideradas essenciais. “Então, a solução tem que partir da secretaria de Transportes do Estado, associada com as secretarias de Transporte da região metropolitana, em que se estabeleça um plano de contingência relativo ao momento que vivemos, reduzindo drasticamente as linhas e suspender o funcionamento de algumas estações”, aponta.

 

Brasil de Fato

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