Mães denunciam falta de leite para crianças alérgicas na Unicat

 

A fórmula especial de um leite específico para crianças com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) está em falta na Unidade Central de Agentes Terapêuticos do Rio Grande do Norte (Unicat). A denúncia é de mães de crianças com Síndrome de Down (T21) no Estado, principais usuários da fórmula, que alegam que o insumo está em falta desde dezembro, afetando quase 600 famílias potiguares. Com isso, as mães precisaram recorrer a doações e arcar com a aquisição do leite via farmácias. Ocorre que uma única lata da fórmula pode chegar a R$ 300 em determinadas unidades, tornando-se inviável a compra para determinadas famílias, que chegam a consumir seis latas/mês.

 

 

Um desses casos é da técnica em saúde bucal que mora Vera Cruz, Cláudia da Silva, 38 anos. Ela é mãe de Cecília, de 1 ano e 5 meses, diagnosticada com T21 e que necessita das fórmulas especiais para se alimentar. Com a falta do insumo na Unicat, precisou comprar as latas por conta própria, gerando custos de quase R$ 2 mil, valores que precisou passar no cartão de crédito. Por conta disso, ela teve dificuldades com as contas da família no mês.

 

 

“Passei o mês de dezembro me apertando, fazendo dívida no cartão e comprando parcelado. Cada lata do cartão custa R$ 270. Minha bebê recebe seis latas por mês. Cada criança precisa de um laudo escrito por um gastopediatra para receber o leite. A cada 3 meses preciso renová-lo”, lamenta. “No desespero, porque dezembro fiz dívida alta no cartão porque comprei todas as latas, pedi ajuda nos grupos de mães de crianças T21. Recebi ajuda de latas vindas de Pernambuco e Ceará. Consegui doação de 7 latas, mas mesmo assim ainda gastei quase R$ 2 mil”, acrescenta.

 

 

Outra situação é da dona de casa Iara Silva, 32 anos. Seu filho, Kaio Ibrahim, de 11 meses, também é beneficiário do programa e é outra criança afetada sem o leite. Beneficiária do Bolsa-Família e com o esposo sem emprego fixo, Iara também precisou recorrer a um cartão de crédito da mãe para comprar as latas. Moradora de Ceará-Mirim, ela chegou a mandar um vídeo para a reportagem mostrando pelo menos 10 notas fiscais de farmácias que precisou recorrer para comprar o leite para seu filho.

 

 

“No mês de dezembro fomos lá dia sim e dia não e esse leite não chegou até hoje. Precisei comprar as latas do próprio bolso, às vezes com ajudas de amigos. Vendemos itens da casa para poder comprar. Ele pode tomar três fórmulas, e a mais barata é R$ 140, que dura apenas dois dias e meio. No terceiro dia já precisa comprar. Meu filho está com 11 meses, mas a pediatra dele queria que ele não se alimentasse muito, pois ele não tinha sinais de prontidão. Em janeiro, após autorização médica, acabei dando alguma comidinha para ele porque não tinha condições alguma dele só ficar no leite”, lembra.

 

 

Segundo a Sesap, atualmente a Unicat dispõe em sua relação quatro fórmulas: aminoácido; hidrolisada sem lactose; hidrolisada com lactose e à base de soja. Todas estão indisponíveis desde o fim de dezembro, segundo a pasta.

 

 

A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) confirmou a falta do insumo e espera normalizar a entrega e o repasse nos próximos dias. O custo mensal é de R$ 185 mil para a pasta.

 

 

“A Unicat já fez o empenho para a aquisição do insumo e aguarda a entrega por parte da empresa dentro dos próximos dias. O órgão fez uma reunião com a empresa recentemente para agilizar o processo. Até o fim de 2023 estavam cadastrados dentro do programa 595 pacientes, acompanhados nos centros de referência”, disse a Sesap em nota.

 

Quem tem direito

 

Possuem direito às fórmulas via Unicat crianças de até 2 anos de idade com alergia a proteína do leite de vaca (APLV), que não moram em Natal. Para aqueles que residem na capital devem procurar o Centro de Especialidade Integrada do Alecrim (CEI Alecrim), através do número: (84) 3232 – 6033.

 

 

Para fazer o cadastro, as famílias precisam de um laudo assinado por um gastropediatra vinculado ao programa.

 

 

O cadastro só pode ser feito pelo pai ou mãe, porém as demais retiradas podem ser feitas por um representante. O laudo médico possui validade de 03 meses e deve ser renovado. Não é permitida a troca ou venda do produto, ele é de uso exclusivo da criança cadastrada; no caso de não fazer mais uso, deverá ser devolvida ao setor de Nutrição da Unicat. Além disso, é obrigatória a devolução das latas vazias.

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