Lula no mundo e a Faixa de Gaza brasileira

Alexandre Macedo*

Presidente Lula e primeira-dama Janja acenam para vice Geraldo Alckmin em embarque rumo a mais uma viagem – Foto: Ricardo Stuckert / PR

Presidente Lula e primeira-dama Janja acenam para vice Geraldo Alckmin em embarque rumo a mais uma viagem – Foto: Ricardo Stuckert / PR

Foi divulgada nesta semana a mais recente pesquisa Genial/Quaest, com dados sobre a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento, que ouviu 2 mil pessoas entre os dias 19 e 22 de outubro, mostra que houve um decréscimo, nos últimos dois meses, na popularidade e na aprovação do Governo Lula 3.

De agosto a outubro, a avaliação positiva do governo caiu quatro pontos, de 42% para 38%. Já a negativa saltou de 24% para 29%, um aumento de cinco pontos. A margem de erro é de 2,2 pontos.

Alguma coisa aconteceu.

Na avaliação sobre a economia, 32% consideram que ela piorou nos últimos 12 meses. O dado é 8 pontos acima do registrado em agosto.

O posicionamento do governo e do presidente Lula na guerra entre Israel e o Hamas também foi avaliado pelos entrevistados. Sobre o presidente, a opinião é dividida: 35% consideraram a atuação positiva e 23%, negativa. Outros 31% consideraram regular a atuação de Lula.

Em resumo, um quadro pior para Lula do que dois meses atrás. A população vem achando que o governo está decaindo de produtividade e perspectiva.

Sobre as viagens ao exterior, 55% acham que elas são excessivas. Só 37% acham que Lula está viajando adequadamente.

A respeito do tour internacional de Lula, vale uma observação pessoal. O presidente é um animal político de origem, que trabalha política 24 horas por dia. Lula já está pensando no que vai ser depois da Presidência da República. Está na cara que ele quer ser dirigente de um órgão internacional. Pode ser a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA) ou outro organismo. Ou ele quer se candidatar ao prêmio Nobel da Paz.

Isso à parte, é preciso dizer: lutar pela paz é absolutamente correto, necessário e impositivo, mas Lula, ao empregar um discurso internacional de forma ostensiva, mostra disposição para cuidar mais da pauta internacional do que da pauta nacional.

Em tempos de guerra na Faixa de Gaza, convém lembrar que temos uma aqui também, e o Brasil está precisando da Presidência da República, de um presidente que esteja mais atento aos problemas nacionais, aos problemas dos estados – como Rio de Janeiro e Bahia –, do que do mundo.

O Brasil está querendo e precisando de um apoio sistemático do Governo Federal. O Rio é um caso emblemático. O problema lá não é só local, é do Brasil inteiro. A violência não está limitada ao estado fluminense; espalhou-se pelo País todo. O comando das facções espalhou-se; as milícias estão em todo o território nacional.

Se o Governo Federal não chegar agora para se somar aos governos estaduais e à sociedade civil, encontrando políticas que possam melhorar a situação da violência, nós vamos estender e muito a Faixa de Gaza que já reconhecemos existir hoje no Brasil.

Publicado no AgoraRN

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