Liz Truss assume como premiê britânica prometendo crescimento econômico, atenção à energia e à saúde

Eleita à frente do Partido Conservador no Reino Unido, Liz Truss foi recebida nesta terça-feira (6), ao meio-dia, pela rainha Elizabeth II para ser nomeada primeira-ministra. Pouco antes, Boris Johnson havia apresentado a sua renúncia à soberana. Em seu primeiro discurso à nação, a nova premiê britânica elencou suas prioridades de governo.

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Johnson chegou à residência de verão da soberana em Balmoral, na Escócia, como primeiro-ministro britânico e saiu de lá como deputado.

Imagens da audiência com Truss mostram a rainha com uma bengala, vestindo uma saia xadrez e cardigã, apertando a mão da premiê. A rainha convidou a nova líder do partido conservador a formar o próximo gabinete, como manda a tradição.

Normalmente, a rainha recebe os primeiros-ministros no Palácio de Buckingham, mas a soberana não quis deixar sua residência de férias na Escócia e viajar para Londres por questões de saúde. Uma viagem de 800 km que Boris Johnson e Liz Truss tiveram de fazer, em dois aviões separados.

O clima complicou a logística, já que a chuva e um nevoeiro fizeram com que o avião de Liz Truss levasse quase meia hora para pousar.

Mais tarde, dirigindo-se à nação, em seu primeiro discurso em Downing Street, após uma forte chuva no centro de Londres, a nova primeira-ministra prometeu “superar a tempestade” da crise econômica, em um país confrontado à elevação do custo de vida. Truss prometeu ações já nesta semana para combater o aumento das contas de energia e garantir o abastecimento, em razão da guerra “terrível” da Rússia na Ucrânia.

Ela também listou três prioridades de seu governo: economia, energia e saúde. “Não devemos ser intimidados pelos desafios que enfrentamos”, enfatizou Truss. “Por mais forte que seja a tempestade, sei que o povo britânico é mais forte. (…) Estou confiante de que juntos podemos enfrentar o mau tempo e reconstruir nossa economia”, prometeu.

Liz Truss reiterou suas promessas de um “plano ousado” de cortes de impostos e de agir para ajudar as famílias em dificuldade para pagar as contas de energia. Segundo a mídia britânica, ela deve anunciar, na quinta-feira, um plano para congelar os preços da eletricidade e do gás, que devem aumentar em 80%, em outubro.

Truss disse querer “defender a liberdade e a democracia em todo o mundo, com os aliados” do Reino Unido.

A nova primeira-ministra da Grã-Bretanha, Liz Truss, deixa o Castelo de Balmoral, na Escócia, em 6 de setembro de 2022, depois de ser pessoalmente convidada pela rainha Elizabeth II para formar o novo governo.
A nova primeira-ministra da Grã-Bretanha, Liz Truss, deixa o Castelo de Balmoral, na Escócia, em 6 de setembro de 2022, depois de ser pessoalmente convidada pela rainha Elizabeth II para formar o novo governo. © Andrew Milligan / AFP

Na segunda-feira (6), ao ser escolhida, Truss prometeu governar como uma conservadora, “de colocar em prática um plano audacioso para reduzir impostos e promover crescimento econômico” e de vencer os trabalhistas nas eleições legislativas previstas para o início de 2025.

Depois de uma campanha à direita, baseada na promessa de redução de impostos, a terceira chefe de governo britânica, depois de Margaret Thatcher (1979-1990) e Theresa May (2016-2019), tomou posse em meio a uma emergência econômica devido à queda histórica do poder aquisitivo dos britânicos.

Nesta quarta-feira (7), Liz Truss enfrentará o líder da oposição, Keir Starmer, durante uma sessão de perguntas e respostas no Parlamento. Ela deverá nomear os principais ministros de sua equipe à noite e na manhã de quarta-feira.

Os jornais ingleses desta terça-feira apostavam que o estado de graça da nova primeira-ministra duraria pouco, até que a difícil realidade se imponha. O Guardian destacava que Liz Truss “herda uma economia britânica de joelhos: à beira de entrar em recessão, com inflação em mais de 10% e famílias britânicas à beira de um colapso nervoso, enquanto as contas de energia aumentam”.

Johnson se despede

No início da manhã, Boris Johnson fez um último e breve discurso, em frente ao número 10 de Downing Street, residência oficial do premiê. “Acabou, gente”, disse Johson acompanhado de sua esposa. “Obrigado a todos por terem vindo tão cedo esta manhã. O bastão será finalmente passado para um novo líder conservador. Por esta porta preta brilhante, um novo primeiro-ministro passará em breve e conhecerá uma equipe fantástica”, concluiu.

Boris Johnson recordou o balanço de seu governo: o Brexit, a campanha de vacinação contra a Covid-19, o empenho na Ucrânia, o número recorde de cadeiras conservadoras conquistadas nas últimas eleições legislativas. Mas manteve a dúvida sobre o seu futuro político. “Deixe-me dizer que sou como um foguete transportador, que cumpriu a sua missão. Agora vou retornar lentamente à atmosfera e cair, fora de vista, em um canto escuro e remoto do Pacífico”, declarou.

O político que liderou o Reino Unido por mais de três anos deve, agora, recuperar a sua cadeira como deputado no Parlamento, nesta quarta-feira (7). Johnson pediu ao Partido Conservador que “esqueça a política” e que se una a Liz Truss.

Biden envia parabéns

O presidente americano, Joe Biden, enviou seus parabéns nesta terça-feira a Liz Truss. O democrata disse que Washington e Londres continuariam a sua cooperação em questões internacionais, incluindo o conflito na Ucrânia. “Espero fortalecer a relação especial que existe entre os nossos dois países e cooperar estreitamente nos desafios dos mercados mundiais, em particular no apoio à Ucrânia para que ela possa se defender contra a agressão russa”, escreveu Joe Biden, em uma mensagem postada no Twitter.

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