LAÍRE ROSADO: Questão de percentagem

QUESTÃO DE PERCENTAGEM

Alexandre Costa (1918-1998). Foi senador pelo Maranhão por quatro mandatos, de 1971 a 1978; 1979 a 1987; 1995 a 1998 e de 1987 a 1995.

 

Em 1992, no meu primeiro mandato como deputado federal, fui convidado pelos colegas do PMDB do Rio Grande do Norte, Aluísio Alves e Henrique Eduardo Alves para uma audiência com o ministro da Integração Nacional, senador Alexandre Costa.

Era preciso dar andamento a alguns projetos relacionados a recursos hídricos, e Aluísio queria dar a dimensão de reivindicação de Bancada. O assunto principal seria a transposição das águas do São Francisco, mas a Barragem de Apodi e outros pleitos ligados ao ministério seriam discutidos.

O presidente da República era Itamar Franco, que assumiu com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Antes, na administração de José Sarney, Aluísio havia sido havia sido Ministro da Administração, tendo sido indicado pelo presidente Tancredo Neves, que faleceu antes de assumir o cargo, sendo mantido pelo sucessor, presidente José Sarney.

O senador Alexandre Costa tinha muita experiência política. Maranhense, formado em engenharia pela Universidade de Minas Gerais, mas entrou na política em 1951, quando foi nomeado prefeito de São Luís, pelo governador do Maranhão, Eugenio Barros. Depois, foi vice-governador do seu estado, prefeito de São Luís, deputado federal por duas vezes e senador em 4 mandatos.

Encontramos um ministro irritado, revoltado e inquieto, o que não era o seu comportamento habitual. Depois de alguns minutos, com os ânimos mais controlados, Aluízio, que tinha mais intimidade com Alexandre perguntou o que estava acontecendo.

Alexandre explicou que havia sido abordado por um importante empresário nacional com uma proposta indecente. O pedido era para que liberasse uma grande soma de recursos para a execução de obras públicas e, em troca, lhe daria 10% do valor de tudo que fosse pago. Expulsei-o de minha sala, disse, ao que Aluísio respondeu. Você fez muito bem. Agiu corretamente e demonstrou sua honestidade com os recursos públicos. Mas, ele já foi embora, por ficar tranquilo.

Acontece, Aluísio, que mesmo tendo ido embora, tenho certeza  que, ao sair, soltou alguma mentira aos jornalistas de plantão que ficam no corredor. Pode ficar certo que, o mais provável é que tenha feito algum comentário do tipo: “esse ministro é muito sabido, ofereci a ele 10% pela liberação de recursos, mas ele só aceita se a empresa pagar 30%. Aí, vocês acham que os jornalistas vão acreditar em mim ou nesse bandido?

 

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