LAÍRE ROSADO: GONZAGA MOTA NO COMÍCIO DAS DIRETAS JÁ

LUIZ DE GONZAGA FONSECA MOTA, foi dos bons amigos que tive na Câmara dos Deputados.

Gonzaga Mota, havia sido governador do Ceará no período de 1983 a 1987, sendo eleito deputado federal na eleição seguinte, em 1990. Assumimos nosso primeiro mandato na Câmara dos Deputados na mesma data, em 01.02.1991. Pela manhã, caminhávamos, ao lado de outros companheiros deputados, nas quadras de Brasília. Na Câmara, éramos defensores intransigentes de tudo que dissesse interesse ao Nordeste.

Totó, como Gonzaga é carinhosamente conhecido, contou-me que estava em seu gabinete de governador do Ceará, quando recebeu um telefonema de Franco Montoro, governador de São Paulo, convidando-o a participar do Comício das Diretas Já, que seria realizado em 31 de março de 1983.

Lisonjeado, aceitou o convite e, na hora marcada, estava em São Paulo, acompanhando a monumental passeata que se iniciou na Praça da Sé e terminou no Vale do Anhangabaú.

O comício foi aberto com a execução da Quinta Sinfonia de Beethoven e Gonzaga Mota, governador nordestino, estava no palanque, ao lado de Tancredo Neves (governador de Minas Gerais), Franco Montoro (governador de São Paulo), Leonel Brizola (governador do Rio de Janeiro), Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Luiz Inácio Lula da Silva, Pedro Simon, , Miguel Arraes, José Richa, Ulysses Guimarães,  Dante de Oliveira, Gérson Camata, Eduardo Suplicy, Roberto Freire, Luís Carlos Prestes, Jorge da Cunha Lima, Marcos Freire, Fernando Lyra, Jarbas Vasconcelos e Moreira Franco, Sobral Pinto, Sócrates (futebolista), Christiane Torloni, Mário Lago, Gianfrancesco Guarnieri, Fafá de Belém, Chico Buarque, Martinho da Vila, Osmar Santos, Juca Kfouri entre outros.

Avisado que seria anunciado como o próximo orador, Gonzaga Mota disse que faltou chão nos pés. Cochichou com Franco Montoro que preferia não falar, pois estava nervoso e com receio de discursar em frente a 1,5 milhão de pessoas. O governador de São Paulo tranquilizou-o, dizendo, “governador, grande parte dessa multidão é nordestina. Você vai se sentir em casa”.

Mais confiante, quando o locutor lhe passou o microfone, Gonzaga olhou para a multidão e conclamou: “quem for nordestino levante o braço”. A reação foi imediata! Milhares de braços foram prontamente levantados e o governador cearense iniciou o seu discurso, com a naturalidade permitida pelo momento. Como disse Montoro, era como se estivesse discursando em Fortaleza.

 

 

 

 

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