LAÍRE ROSADO: Considerações sobre a Faixa Presidencial

LAÍRE ROSADO: Considerações sobre a Faixa Presidencial

O presidente Jair Bolsonaro não passará a faixa presidencial ao presidente eleito Lula da Silva. Não admite a derrota sofrida e tem vergonha em ficar frente a frente com Lula, responsável por sua eleição quando foi preso em 7 de abril de 2018 e de sua derrota, quando o STF, em 15 de abril de 2021, anulou as decisões da Justiça Federal de Curitiba contra o ex-presidente, em 4 processos da Lava Jato..

A faixa presidencial foi instituída em 1910 pelo presidente Hermes da Fonseca, para representar o símbolo do poder presidencial. Desde sua criação, dez presidentes ou indicados na sucessão não receberam a insígnia, seja por morte, ausência da cerimônia de transferência ou impedimentos para tomar posse.

Antes da existência da faixa presidencial, alguns presidentes assumiram sem a presença dos antecessores. O Marechal Deodoro da Fonseca, que foi o primeiro presidente não compareceu à posse do sucessor Floriano Peixoto, que teve o mesmo comportamento em relação ao seu sucessor, Prudente de Morais. Não via com bons olhos a chegada de um civil ao poder.

Em 1954, o norte-rio-grandense João Café Filho viu-se presidente do dia para a noite e começou a governar sem a bênção de seu antecessor, Getúlio Vargas, que cometera suicídio. Foram anos de crise em que a faixa presidencial não fez parte das solenidades de sucessão presidencial.

Em 1964, os militares depuseram o presidente João Goulart e o governo federal foi passando de General a General. Castelo Branco, o primeiro deles, passou a faixa a Costa e Silva, que foi sucedido por uma junta militar e, depois, por Garrastazu Médici, que empossou Ernesto Geisel e, por último, João Batista de Figueiredo, sempre com a aposição da faixa presidencial entre eles.

Desde 1985, quando o General João Batista Figueiredo, fechava o ciclo dos governos militares, nenhum outro presidente da República negou-se a participar da cerimônia de posse com passagem da faixa ao seu sucessor.

O último presidente do golpe de 1964, João Figueiredo, recusou-se a passar a faixa para José Sarney, embora os militares afirmassem, para o mundo inteiro, que o Brasil se encontrava em processo de redemocratização. Figueiredo permaneceu no Brasil, para não transmitir o governo ao vice-presidente Aureliano Chaves, evitando que ele cumprisse o ritual de passar a faixa ao presidente José Sarney, que a colocou no presidente Fernando Collor de Mello.

O presidente Collor, por conta do impeachment, não passou a faixa ao vice, Itamar Franco, que a transferiu a Lula que depois a colocou em Dilma Rousseff. Afastada por impeachment, Dilma não a entregou a Michel Temer, que colocou a faixa presidencial em Jair Messias Bolsonaro, quando de sua posse na presidência da República.

Jair Bolsonaro, não ficará no Brasil como fez o general Figueiredo. Vai sair do país para não participar da cerimônia de posse de Lula da Silva, eleito pela terceira vez presidente do Brasil. Um gesto pequeno que, será repetido por outro general, o vice-presidente Humberto Mourão, eleito senador nas eleições deste ano e que também se recusa a assumir a Presidência para não colocar a faixa presidencial em Lula.

Os adversários, por mais radicais que sejam, não conseguirão impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil. Contudo,  eleito com uma maioria de votos inferior a 2%, Lula reconhece que sua primeira e mais importante tarefa como Chefe da Nação será a pacificação nacional.

O Brasil quer, e merece que isso aconteça.

Deixe um comentário