LAIRE ROSADO: Bolsonaro, o candidato do Centrão

O Partido Liberal, de Waldemar Costa Neto, passou a ser o partido com o maior número de representantes na Câmara dos Deputados. Nada de extraordinário. O comum é que o partido do presidente da República, ou o partido de governador de Estado, salvo raras exceções, consigam atrair um contingente maior de parlamentares.

Pelo visto, a política vai retomando suas qualidades tradicionais. O presidente Bolsonaro fez sua campanha combatendo essas características, embora os mais experientes não acreditassem em suas palavras. Muito esperto, o deputado Bolsonaro diagnosticou o viés da campanha. Para ele, o importante, era sensibilizar o eleitor com a mensagem que o elegesse presidente do país.

Em seu início, o governo Bolsonaro sempre pegou pesado com o centrão; “Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, dizia o general Augusto Heleno, que chegou a ser cotado para companheiro de chapa de Bolsonaro. E completava: “querem reunir todos aqueles que precisam escapar das barras da lei num só núcleo. Daí criou-se o centrão, que é a materialização da impunidade”.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que renunciou para não ser cassado em 2005 e foi preso em 2013, em razão do escândalo do mensalão, transformou-se num dos políticos mais poderosos do país. Sua vitória política atingiu o ápice quando trouxe o presidente Bolsonaro para se filiar ao partido. Em outubro, Valdemar espera eleger setenta e cinco deputados, fazendo o PL o mais importante partido do Congresso. Quem for eleito presidente, Lula ou Bolsonaro, terá que negociar com o seu partido se quiser aprovar suas mensagens.

Mesmo levando seu discurso de 2018 de água abaixo, Bolsonaro foi inteligente ao integrar forças do centro ao seu projeto eleitoral. Ciro Nogueira e Valdemar, considerados os dois maiores líderes do centrão estão na coordenação da campanha à reeleição. Até mesmo o general Augusto Heleno, ocupando o cargo de ministro do Gabinete Institucional esteve no evento do PL. O mesmo general Heleno que cantou em 2018 “se gritar pega Centrão…” É possível que hoje o general chegue a dizer, “esqueçam o que eu disse. É para o bem do Brasil”.

 

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