Laíre Rosado – Administração em julgamento

A eleição de 1986 foi caracterizada pela emoção que dominou o Rio Grande do Norte. Geraldo Melo e Garibaldi Alves chegaram ao governo do Estado, contrariando as expectativas dos que ocupavam o poder desde 1974 com a indicação biônica de Tarcísio Maia pelo governo militar.

As dificuldades enfrentadas foram enormes, a começar pela estrutura administrativa composta por adversários nomeados durante doze anos consecutivos de governo.

O atual governador Robinson Faria foi eleito pela primeira vez nesse mesmo ano, 1986, sendo o único dessa bancada a chegar ao cargo de governador pela escolha direta do eleitor.

Vivaldo Costa era o vice-governador de José Agripino quando assumiu o posto em 1994 pelo afastamento do titular para concorrer ao cargo de senador. Robinson disputou e foi eleito governador.

 O ex-governador Geraldo Melo foi entrevistado pelo jornal Tribuna do Norte e, como última pergunta, foi-lhe solicitada uma avaliação da atual gestão estadual.

Para quem foi governador e conhece bem as dificuldades enfrentadas por um administrador de um Estado tão pequeno como o Rio Grande do Norte, a resposta foi de extrema habilidade. E essa qualidade não falta a Geraldo.

O ex-governador começa dizendo que a gente se acostumou a discutir pessoas, as alianças que poderão ser feitas, os apoios possíveis de acontecer e “essas coisas, é preciso reconhecer que elas hoje não têm mais nenhuma importância”.

Lembrou que, apesar de amigo, não votou em Robinson para governador. E mais, como governador foi com ele que sofreu a primeira derrota, pois apoiou seu nome para a presidência da Assembleia, mas o eleito foi o deputado Nelson Freire.

Para Geraldo Melo o governo atual deixa muito a desejar para tudo que é de lado. Mas, é preciso reconhecer o que foi feito até o momento e a maneira como o governador conseguiu terminar o ano de 2015.

Comparando com outros governadores é preciso avaliar que o Rio Grande do Norte está em melhor situação. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o funcionalismo está atrasado vários meses e não existe perspectiva de regularização desse quadro. Isso é verdade.

O próprio governador reconheceu que, apesar de eleger a segurança como prioridade do seu governo, os resultados não foram os desejáveis, mas continuará insistindo nessa área.

Em outros setores, luta para vencer obstáculos que parecem intransponíveis. Encerrar o ano com o pagamento do funcionalismo em dia pode ser apresentado como uma grande vitória de sua administração.

 Será possível a mesma avaliação em termos dos governos federal e municipal? Claro que sim, mas as perspectivas são bem diferentes. A presidente Dilma Rousseff enfrenta uma crise econômica agravada com os problemas políticos que não conseguiu superar.

O prefeito Francisco José luta contra altos índices de desaprovação de sua administração. O governo deixa a desejar por tudo que é de lado. Dilma terminou o seu primeiro ano de administração. Francisco José entrou no último do seu atual período.

A presidente não disputará mais uma reeleição. O prefeito insiste em concorrer a novo cargo, mesmo tendo que enfrentar contestações que certamente serão apresentadas pelos concorrentes ou mesmo pelo ministério público eleitoral.

Enquanto uma tenta escapar pelo diálogo com a oposição o outro está mais preocupado, sozinho, na manutenção do cargo eletivo.