LAÍRE ROSADO: A necessidade de regulamentar as redes sociais no Brasil

Não tenho participado diariamente do programa Observador Político, programa criado em abril de 1980, sendo, portanto, o mais antigo no da radiofonia potiguar, no campo político. Ontem, compareci para participar de entrevista com o amigo, Dr. Lídio Wanderson, psiquiatra, na cidade de Mossoró, sobre os problemas psicológicos relacionados ao uso inadequado das redes sociais. Em determinado momento, discutimos um ponto intrigante: o debate, muitas vezes negativo, sobre política nas plataformas. Houve participação ativa dos ouvintes e telespectadores, durante a apresentação do programa, além de mensagens posteriores.

Enquanto no Brasil, o Congresso Nacional demora em regulamentar o uso das redes sociais, nos Estados Unidos, ontem, o Congresso realizou audiência pública com representantes de algumas das principais plataformas no mundo, Meta, Tik-Tok, Snapchat, Instagram e X (Twitter).  Na assembleia, jovens relatavam que foram vítimas de crimes sexuais, levantando fotos para que todos pudessem constatar essa violência. Pais choravam a perda dos filhos. Democratas e Republicanos se uniram nessa cobrança, na presença desses dirigentes.

Um senador republicano, Josh Hawley, questionou Mark Zuckerberg sobre pesquisa recente mostrando que 37% de crianças de 11 a 13 anos haviam sido expostas a cenas de nudez em apenas uma semana. Zuckerberg se levantou e falou para as famílias que seguravam imagens de seus filhos, prejudicados pelas redes sociais. “Peço desculpas por tudo que vocês passaram++. Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram e é por isso que investimos tanto e continuaremos com esforços em toda a indústria para garantir que ninguém passe pelas coisas que suas famílias tiveram que sofrer”, afirmou.

No Brasil pesquisa revela que 16% de crianças de 11 a 17 anos já receberam mensagens com teor sexual, inclusive solicitação de fotos nuas, sem roupas. Algumas chegaram ao suicídio, resultado do bullying nas redes sociais. Diante do silêncio dos parlamentares, o Supremo Tribuna Federal tem emitido sinais de que poderá agir por via judicial, caso o Congresso Nacional continue ignorando o assunto. Atualmente, não existem barreiras para evitar que crianças acessem redes com conteúdo prejudicial e consequências danosas.

As grandes empresas de tecnologia que dominam o mercado no qual atuam as Big Tech, têm lucro com essas matérias, não havendo interesse em modificar o conteúdo que, ao contrário, procura viciar o usuário da rede. Nos Estados Unidos, em pelo menos 40 estados, existem processos contra as redes sociais por danos causados a menores de idade. 35 países democráticos já regulamentaram o uso das big techs. Está na hora do Congresso brasileiro tomar a mesma iniciativa. Caso isso não aconteça, não terá como reclamar quando a iniciativa terminar sendo adotada pelo Supremo Tribunal Federal.

Enquanto isso não acontece, os pais terão a responsabilidade de manter uma atitude mais vigilante, mais rigorosa, em relação aos filhos, para que eles não terminem vitimados pelas grandes redes sociais.

 

 

 

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