Julia Roberts, a pedidos

Alex Medeiros

@alexmedeiros1959

Ela faz hoje 56 anos. E dois leitores se manifestaram ontem bem cedo pedindo para reeditar uma crônica que fiz e já nem lembrava. Eu estava com intenção de registrar os 90 anos de Garrincha, mas como já escrevi tanto sobre o anjo das pernas tortas, decidi atender os dois pedidos. A atriz Julia Roberts é uma das mais fulgurantes estrelas do cinema em todos os tempos e carrega no charme e na anatomia o título de um dos muitos filmes icônicos que protagonizou. Desde os 17 anos, quando saiu da pequena Smyna, na Geórgia, para trabalhar em Nova York, ela sempre foi “uma linda mulher”.

Se eu fosse estabelecer na História uma personalidade, uma estampa que representasse a década de 1990, seria ela. Sem dúvida, um dos melhores acontecimentos numa era de pouco encanto quando comparada às três anteriores. A beleza, a graça, a sensualidade, os cabelos, a boca, o talento de Julia Roberts, foram determinantes para dar aos anos noventa algum encantamento, através dos filmes que arrebataram o mundo e fizeram dela uma das artistas mais queridas e cultuadas. Entre 90 e 99, ela foi um furacão.

Durante o carnaval de 2013, fugi da folia para o clima cultural de Londres, e num mesmo dia fui visitar quatro endereços que me eram importantes, todos relacionados com personalidades da música, da literatura e do cinema.

Fui a Abbey Road atravessar a faixa de pedestres que está eternizada na rua do estúdio dos Beatles; depois à casa do escritor Charles Dickens, e logo cheguei na famosa feira hippie de Camden Town, bairro de Amy Whinehouse.
Horas depois, entrei num “black cab” e anunciei o destino: Westbourne Park Road 280, em Notting Hill. Não se pode ir a Londres sem uma visita à casa de porta azul, a livraria do inesquecível romance com Julia Roberts e Hugh Grant.

Desci no começo da rua, que cruzava com outra onde frutas suculentas davam um tom de natureza viva na feira ali realizada. Ao chegar no famoso endereço do filme “Um Lugar Chamado Notting Hill”, eu pensava nas cenas com Julia.

O filme de 1999, cujo diretor morreu há dois anos, fechou a década da glória de Julia Roberts, iniciada com o não menos belo “Uma Linda Mulher”, de 1990, o primeiro que provocou nos marmanjos abalos sísmicos-coronarianos.
São dezenas as interpretações de Julia nos anos 90 que conquistaram o público, boa parte dele no aspecto da libido. A puta, a fadinha, a estudante de direito, a jornalista, a esposa, a amiga, a advogada, a fotógrafa, a noiva, a atriz.

E pensar que uma mulher tão adorada disse que saiu de casa porque entre os três motivos para ficar na cidade natal um deles era ter uma proposta de casamento. Imaginem uma Julia Roberts aos 17 anos sem algum pretendente.

Ela nasceu Julia Fiona Roberts, filha caçula de pais atores e com dois irmãos que sonhavam com as luzes da sétima arte. Só ela queria ser veterinária, apesar de ter cursado jornalismo algum tempo, antes de correr pra Nova York.

Morando com os irmãos, Eric e Lisa, que já tinham iniciado alguns trabalhos, ela acabou fazendo participações em séries de TV e peças na Broadway. Estreou sem crédito em Firehouse (1987) e fez ponta no seriado Miami Vice.
Ela não só fez papéis marcantes, mas também estabeleceu uma conexão com o público através de objetos dos personagens que se tornaram produto de culto e referências dos próprios filmes, apesar dos parceiros de cenas e tramas.

Poderosa, consagrada e gostosa, foi a primeira mulher do cinema a morder um cachê de US$ 20 milhões. “Não é apenas Kevin Costner, ou Schwarzenegger, não apenas os caras”, disse ela ao New York Times sobre ser protagonista.

Julia Roberts tornou-se ao longo do seu sucesso um espelho para atrizes mais jovens que agora brilham como ela: Anne Hathaway, Rachel McAdams, Katherine Heigl são algumas, inclusive Emma Roberts, que é sua sobrinha.

Publicado na Tribuna do Norte

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