Jovens ficam menos tempo nos empregos: entenda o fenômeno Job Hopping

Grande alternância de emprego já não possui a conotação negativa de tempos anteriores

Estabilidade no emprego e um plano de carreira sempre foram objetivos buscados por profissionais de diferentes áreas. Entretanto, com o avançar dos anos, essa realidade do mercado de trabalho tem sofrido mudanças, crescendo um novo fenômeno chamado job hopping. Com a ampliação de oportunidades, maior dinamismo e a entrada de novas gerações no mercado de trabalho, o ciclo de permanência nas empresas têm se tornado cada vez mais curto.

 

O job hopping é uma expressão em inglês que significa algo semelhante a “pular de emprego”. Esse termo foi criado para designar o comportamento de profissionais que alternam de empregos com frequência, permanecendo pouco tempo em uma mesma vaga de trabalho ou organização, geralmente menos de 2 anos.

 

Especialistas apontam que esse hábito é mais comum nas gerações mais novas. De acordo com levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho brasileiro divulgado em janeiro de 2023, pessoas entre 18 e 24 anos costumam ficar apenas 9 meses em um mesmo trabalho. Em outra pesquisa do mesmo órgão, de 2020, concluiu-se que apenas 24% dos trabalhadores dessa faixa etária ficaram mais de 2 anos em uma mesma empresa.

 

Quando são analisadas outras faixas etárias, o cenário obtido é completamente diferente. Na mesma pesquisa de 2020 foi apontado que 41% das pessoas com idade entre 40 a 65 anos possuíam um tempo médio em uma mesma empresa de mais de 10 anos.

 

Há uma mudança de cenário, já que esse tipo de comportamento foi mal visto pelo mercado de trabalho por muitos anos. Profissionais de recursos humanos e gestores interpretavam como bons colaboradores aqueles que permaneceram vários anos em uma mesma companhia. Um candidato com histórico de várias trocas de emprego em curtos períodos enfrentava preconceito e barreiras, sendo associados a problemas de comportamento e disciplina, afetando sua participação em processos seletivos e tendo suas contratações evitadas.

 

O cenário corporativo passou por uma transformação que promoveu novas ações, costumes e uma nova forma de se relacionar com as empresas. As relações tradicionais entre empregadores e colaboradores tornaram-se ultrapassadas, o mercado ficou mais dinâmico e horizontal e os ciclos mais curtos.

 

A difusão desse hábito, entretanto, provoca o aumento de custos nas organizações. Com a rotatividade de funcionários, há a necessidade de investimento em processos seletivos e treinamentos com maior frequência. Além disso, como a permanência desses colaboradores é momentânea, há oscilações na produtividade da equipe e dificuldade de adaptabilidade à cultura organizacional.

 

Esse fenômeno despontou junto com as novas prioridades da população economicamente ativa, que busca por oportunidades melhores, benefícios para sua carreira e possuem aversão ao sentimento de estagnação profissional. A pandemia de covid-19 também pode ter intensificado esse processo, já que evidenciou que muitas atividades podem ser realizadas à distância sem perda de eficiência, assim como destacou a necessidade de priorizar o próprio bem-estar e qualidade de vida.

 

Oportunidades de capacitação, boa remuneração e benefícios estão entre as principais demandas. Não é obrigatório pagar vale alimentação, vale refeição, gympass, plano odontológico ou day off em aniversários, mas esses atrativos são bem vistos por colaboradores.

 

Esses profissionais também possuem pouca tolerância a ambientes tóxicos e atitudes abusivas que impactam sua saúde física e mental, assim como não possuem interesse em sacrificar sua vida pessoal. Sua preferência é por áreas e empresas mais flexíveis, tanto em relação a horários quanto a modalidade de trabalho, seja home-office ou trabalho híbrido, que aumentam o tempo disponível para atividades de seu próprio interesse e lazer.

Deixe um comentário